terça-feira, 29 de junho de 2010

ESTAMOS EN CUARTOS!


Não foi uma grande exibição da Argentina, mas foi o suficiente para derrotar a limitada seleção mexicana e se classificar para as quartas-de-final da Copa do Mundo. Ok, a Argentina foi beneficiada no primeiro gol de Tevez. Mas mesmo assim, a blanquiceleste mereceu a vitória.

O segundo gol, anotado por Higuain, deixou visível a falta de qualidade da defesa mexicana. O erro do zagueiro Osório foi ridículo. Então, já dominando a partida a Argentina chegou ao terceiro com Tevez.

O gol mexicano não chegou a assustar, mas a defesa argentina sim. Mais uma vez mostrou algumas falhas individuais, principalmente de Demichelis. O time argentino não marca bem, dá muitos espaços. O que pode ser fatal frente o próximo adversário, a Alemanha, que diante da Inglaterra mostrou uma força incrível nos contra-ataques.

Messi não esteve tão bem como nos jogos anteriores, mas tentou, correu, lutou. Mais uma vez o chute mais perigoso que deu a gol foi defendido pelo goleiro adversário. Posso estar enganado, mas acho que o gol de Messi sairá na hora certa, quando a Argentina mais precisar dele.

Não considero a Argentina favorita nas quartas-de-final. Acho que os alemães tem mais possibilidades de chegar à semifinal, mas o trabalho de Maradona, tão contestado durante as Eliminatórias, merece ser aplaudido. O Pibe é um espetáculo a parte, dentro de campo se aquecendo com seus jogadores, vibrando com os gols ou então nas bem humoradas entrevistas coletivas. É um showman. Ele sabe disso, e encarna bem o seu personagem. Vamos Argentina!

Por Raphael Martins

domingo, 27 de junho de 2010

Gana avança e Copa comemora

Nada contra a seleção americana, de quem até gosto de ver jogar, pela organização tática que mostra, mas eu torci por Gana. E acho que a maioria das pessoas também fez o mesmo. Afinal, uma Copa com um significado tão importante, disputada pela primeira vez no continente mais pobre do planeta, não poderia ficar sem ao menos um representante da África entre os oito melhores. A vitória sobre os Estados Unidos foi sofrida, na prorrogação, mas merecida. Não foi um bom jogo tecnicamente, foi sim emocionante e benéfico para a competição já que a esperança africana se mantém viva.

E o caminho pode levar Gana até a semifinal, já que não vejo favoritos no confronto contra o Uruguai. Apesar de achar que os uruguaios têm jogado melhor, passado mais confiança, a equipe africana também tem suas armas. É um time muito rápido, forte fisicamente e bastante organizado. Não tem muitos talentos individuais, o melhor deles é Asamoah Gyan, único atacante do esquema 4-5-1 adotado pelo sérvio Milovan Rajevac. E conta ainda com essa áurea positiva do solo africano.

A chave para o Uruguai será partir pra cima e tomar conta do jogo, assim como fez no primeiro tempo diante da Coreia do Sul. Na partida contra os americanos, Gana mostrou deficiências defensivas quando atacada e os sul-americanos têm mais qualidade no ataque, especialmente com o trio Forlán/Cavani/Suárez. Se recuar e chamar o adversário, como também fez no início da segunda etapa nas oitavas, periga se complicar, já que os ganeses são mais capacitados do que os coreanos. A única certeza é que será um jogo disputado de forma intensa, já que as duas seleções demonstram muita disposição e estarão perto de fazer ainda mais história. Vale lembrar que Gana é apenas a segunda nação africana a chegar nas quartas de final da Copa do Mundo (a primeira foi Camarões, em 1990) e que o Uruguai não atingia fase tão aguda num Mundial há 40 anos.

sábado, 26 de junho de 2010

Após 40 anos, a Celeste está de volta

Como é bom acordar de manhã, ligar a TV e ser premiado com uma bela partida de futebol. Isso é Copa do Mundo. E as oitavas de final começaram nesse sábado com um jogo muito agradável de se ver. Melhor para o Uruguai, que derrotou a Coreia do Sul e está nas quartas de final, feito que não alcançava desde 1970. E prova de que a América do Sul está muito forte na competição, com boas chances de termos 4 representantes na próxima fase. Méritos para o técnico Oscar Tabárez e para os bravos jogadores uruguaios, que, se não demonstram um futebol bonito e técnico, compensam com uma garra e disposição que contagiam.

Um time que chegou desacreditado à África do Sul, depois de se classificar apenas na repescagem contra a Costa Rica, e que foi, ao longo do Mundial, quebrando tabus. O primeiro veio na vitória sobre os anfitriões por 3 a 0, triunfo este que não vinha em Copas do Mundo desde 1990 (quando, curiosamente, o treinador também era Tabárez). Depois na classificação, que também não chegava há 20 anos. E olha que o Uruguai passou com autoridade, na primeira posição do grupo e sem levar gols.

Diante da Coreia do Sul, no primeiro tempo os uruguaios foram bem superiores. Tirando uma bola na trave de Park Chu-Young em cobrança de falta logo no início, no resto só deu Celeste. Muita marcação pressão, posse de bola e velocidade no ataque, principalmente no trio ofensivo Forlán/Cavani/Suárez. A escalação desse trio, aliás, também é mérito de Tabárez, já que no primeiro jogo da Copa, contra a França, o esquema usado foi o 3-5-2. O treinador tirou um dos zagueiros (Victorino), recuou Forlán e o colocou pelo lado esquerdo, deixou Cavani pela direita, com Suárez centralizado. Os dois primeiros, além de atacar, voltam para auxiliar na marcação e buscar a bola. O gol que abriu o placar saiu dessa maneira, com participação dos três citados.

No segundo tempo, porém, o Uruguai se encolheu, chamou os coreanos para o seu campo, tentando um contra-ataque, que não saiu. Com isso os asiáticos cresceram e passaram a criar chance atrás de chance. O gol de empate tornou-se algo inevitável e saiu em falha de Muslera, que Lee Chung Young completou de cabeça. Depois disso, finalmente os uruguaios acordaram e o jogo ficou parelho, lá e cá. Suárez desperdiçou duas oportunidades por excesso de individualismo, mas mostrou qualidade ao acertar um chutaço da entrada da área no cantinho do goleiro Jung Sung Ryong: 2 a 1. Chung Young ainda teve uma última chance, mas chutou em cima do goleiro celeste.

Agora, o Uruguai espera o vencedor de Estados Unidos e Gana para saber quem será o adversário nas quartas de final. São duas equipes parecidas, mas acho os americanos mais organizados; de qualquer maneira o caminho da Celeste Olímpica dá possibilidade de sonhar com voos ainda mais altos. É bom ver o ressurgimento de um futebol tão tradicional.

LUXO E LIXO DA PRIMEIRA FASE

Olá blogueiros. Volto ao nosso espaço de análises para eleger meus destaques positivos e negativos da primeira fase do mundial. Na minha opinião, os jogadores fracassados da fase de grupos são esses:

Ribéry (chegou como grande expoente francês e não fez nada, assim com a seleção francesa), Di Maria (um dos jogadores mais decantados no período pré-Copa, não jogou bulhufas no meio campo argentino), Stankovic (destaque de seu país e campeão da Liga dos Campeões pela Inter de Milão, não foi nem sombra do líder que comandou a Sérvia nas Eliminatórias européias). Lampard (o meia do Chelsea – campeão inglês, não repetiu as atuações das Eliminatórias, sorte dele, que a Inglaterra passou de fase), Eto´o (mesmo jogando ao lado de jogadores mais fracos, o craque africano foi uma decepção como jogador e como o líder da equipe) e por fim Cannavaro (o capitão da azzurra foi o símbolo do fracasso italiano).

O destaque positivo da primeira fase foi sem duvida o “melhor do mundo 09” Messi. O argentino, mesmo sem marcar na primeira fase, foi o jogador que mais desequilibrou nos três jogos da equipe de Maradona na primeira fase. Uma menção honrosa para Lúcio, melhor zagueiro da primeira fase e Forlan e Suarez, melhor dupla de ataque da fase de grupos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Confirmação do óbvio

Quando Dunga anunciou a convocação para a Copa do Mundo logo criou-se dúvidas na torcida e na imprensa em relação às opções de banco da Seleção Brasileira. O time titular ninguém discute, apesar de um ou outro nome que agrade mais ou menos. Mas nesse caso é mais uma questão de opinião do que convicção. O que preocupava os brasileiros era justamente o fato de que se algum titular se machucasse ou estivesse suspenso, não teríamos ninguém "confiável" para entrar e manter o nível. Até mesmo no caso de uma partida complicada, a escassez de talento no grupo brasileiro impediria uma mudança capaz de mudar os rumos do jogo.

Pois bem, a prova de que o temor era correto e pertinente (ao contrário do que o irritadiço Dunga sempre afirmou) veio na pelada diante de Portugal. Um jogo que deu raiva de assistir e que preocupa para o prosseguimento da Copa. Isso porque sem Kaká, suspenso, e Robinho, poupado, o time simplesmente não criou, não se movimentou e, principalmente, não soube explorar sua melhor arma, o contra-ataque. Julio Baptista e Daniel Alves no meio-campo não acertaram nada, erraram passes bobos e decepcionaram. Especialmente o jogador do Barcelona, de quem se esperava tabelas com Maicon pela direita, coisa que não aconteceu o jogo todo. No ataque, a bola pouco chegou a Luis Fabiano e, quando chegou, o Fabuloso quase deixou o dele. Nilmar também também teve apenas uma chance, mas esbarrou no goleiro Eduardo.

Dunga também bobeou. Primeiro por deixar Robinho no banco o jogo todo, mesmo com a falta de criatividade brasileira na segunda etapa, e também por não ter ousado. As substituições do técnico da Seleção foram sempre seis por meia dúzia. Quando tirou Felipe Mello (que parecia procurar um cartão vermelho) colocou Josué, ao invés de Ramires, que poderia dar mais velocidade ao time; quando saiu Julio Baptista, entrou justamente Ramires, numa função de meia de ligação que não é a dele; e quando tirou Luis Fabiano e colocou o inoperante Grafite, que errou dois domínios de bola e nada mais.

Para as oitavas de final felizmente teremos Robinho e Kaká de volta, e até Elano, que também fez falta. Então é torcer para que os dois melhores jogadores da Seleção permaneçam sãos e não sejam suspensos, porque senão vai ser difícil ganhar a Copa. E, sinceramente, jogando essa bolinha eu até prefiro que não ganhe mesmo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

El Mito Palermo

O relógio já estava em suas voltas finais. A vitória já estava consumada. Mas algo ainda aconteceria naquele Argentina x Grécia. Um momento muito mais simbólico que o triunfo e a classificação em primeiro lugar.

Eram 35 minutos, 1 a 0 no placar, Maradona resolve dar uma chance ao Otimista do Gol. Ao mesmo tempo falo comigo mesmo: “ele vai marcar um gol”. Palermo, o homem do milagre do Monumental diante do Peru, ainda tinha 10 minutos para o seu feito.

O tempo vai passando, a bola não chega, e quando chega, parece querer fugir dos pés do jogador do Boca. Palermo corre, se esforça, empurra, é empurrado, chuta de qualquer maneira, e nada. Até que aparece Messi.

O melhor jogador do mundo apanha a bola, faz fila, dribla um monte de gregos, os deuses do Olimpo e os heróis mitológicos. Parece que finalmente marcaria o seu. Mas Tzorvas defende. No rebote, Palermo manda para as redes. Explosão em Polokwane, explosão na Argentina, explosão também no Rio de Janeiro. Confesso que gritei e vibrei muito com o gol do “matador”.



Lembrei-me da conversa que tive com ele, há pouco mais de um ano, quando confessava o sonho de voltar a defender a seleção, do seu desejo de apagar a imagem que ficou. Aquela tão ridicularizada por conta dos três pênaltis perdidos contra a Colômbia. Palermo é um ídolo, um homem predestinado, um ser humano incrível. Uma pessoa que passou por provações e triunfos. Finalmente ele teve a sua revanche. Marcou um gol em Copa do Mundo.

Quando Maradona o convocou, todos riram. Disseram que Diego estava louco ao apostar em Palermo. Debaixo de um dilúvio ele praticamente classificou um time morto nas Eliminatórias. Agora na Copa, Palermo já deixou sua marca. Começo a acreditar que isso possa ser um sinal de que algo maior está por vir.

Quanto ao jogo? A Argentina ganhou por 2 a 0, se classificou em primeiro, tendo seu gol inicial anotado por Demichellis. Mas tudo isso ficou em segundo plano perto do feito do Otimista do Gol.
Por Raphael Martins

Primeiros confrontos definidos

Antes da partida entre Uruguai e México houve um temor de que pudesse ser um "jogo de cumpadres" já que o empate classificaria as duas equipes. Porém, bastou começar e as dúvidas quanto à vontade de ambos os times de ganhar caíram por terra. Uruguaios e mexicanos fizeram um bom jogo de futebol, com chances para os dois lados e quem levou a melhor foi a Celeste Olímpica, que com a vitória classificou-se em primeiro lugar do Grupo A. Uma campanha que condiz com a tradição do futebol daquele país, mas que há muitos anos não se via. O destaque da equipe de Oscar Tabárez é o conjunto. O time é bastante organizado defensivamente (tanto é que não levou gols na primeira fase) e sai em velocidade para o ataque, utilizando a qualidade do trio Forlán/Cavani/Suárez. A garra e a disposição dos jogadores também contagiam e podem levar o Uruguai mais longe do que o mais fanático dos torcedores da Celeste poderiam imaginar.

Isso porque o adversário nas oitavas de final é a Coreia do Sul, que conseguiu a classificação de forma dramática. Os coreanos empataram com a Nigéria em 2 a 2, mas só não perderam porque os africanos abusaram do direito de perder gols. Yakubu, inclusive, protagonizou um dos lances mais inacreditáveis da história das Copas ao perder um gol debaixo da trave, sem goleiro. Mas voltando à Coreia, é um time limitado, que depende do talento de Park Ji-Sung, meia do Manchester United, para conseguir boas jogadas de ataque. O outro Park, o Chu-Young, meia do Monaco, também é peça importante no esquema do técnico Huh Jung-Moo. Os coreanos jogam basicamente atrás, tentando aproveitar a velocidade para sair em contra-ataques e sua principal arma está nas bolas paradas. Três dos cinco gols marcados pela Coreia do Sul saíram dessa forma.

Uruguai x Coreia do Sul - Palpite: Uruguai

No outro confronto, a Argentina, 100% na primeira fase, encara o México. Praticamente classificada, Diego Maradona escalou um time misto para o jogo contra os gregos. Apenas 4 titulares foram a campo e um deles marcou o gol: Demichelis. O outro foi marcado por Martin Palermo, que entrara no segundo tempo. O técnico argentino quis poupar alguns jogadores que estavam pendurados, como Heinze, e dar ritmo de jogo para os reservas. E como o adversário era a inofensiva Grécia, nada mais apropriado. A retranca dos europeus demorou a ser furada, mas o domínio foi todo sul-americano. A classificação em primeiro lugar, com 9 pontos, dá moral à Argentina, que desempenhou muito bem o seu papel de favorita, algo que não muito comum nesta Copa do Mundo. O tão aclamado ataque vem correspondendo e a defesa, motivo de preocupação nos hermanos, até agora mostrou-se segura.

Por isso, diante do México, o favoritismo é argentino. Apesar dos mexicanos terem um bom time, muito veloz no ataque, não acredito que consigam fazer frente aos comandados de Maradona. Porém, acho que será uma boa partida de futebol, já que a equipe de Javier Aguirre não costuma se fechar na defesa. Portanto, tem tudo para ser um jogo franco, do jeito que todos gostamos.



Argentina x México - Palpite: Argentina

Antes de terminar, queria dar os parabéns ao técnico Parreira e à seleção da África do Sul, que fizeram uma campanha honrosa na Copa e só não se classificaram no saldo de gols. A vitória sobre a França foi muito justa e poderia ter sido por mais gols de diferença, tamanha a superioridade dos Bafana-Bafana. Agora resta a Federação do país continuar o trabalho, para que os sul-africanos continuem evoluindo. Já a França... é melhor deixar pra lá. Outro vexame que teve como imagem final a falta de educação de Raymond Domenech ao negar-se a cumprimentar Parreira após a partida. Lamentável.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Espanha vence, mas ainda não encanta

Não foi a grande exibição e a goleada que se esperava da Espanha sobre Honduras, mas a Fúria teve boa atuação, do jeito que estamos acostumados a ver. Muita posse de bola, toques precisos tentando encontrar espaços na defesa adversária para marcar gols. Várias oportunidades foram criadas, mas, a exemplo da estreia diante da Suíça, os espanhois cansaram de perder gols, inclusive um penalti. Muito em função do excesso de preciosismo dos campeões europeus, que às vezes parecem só querer fazer gols bonitos e acabam desperdiçando chances. Contra Honduras não houve problemas, até porque o time da América Central é bem fraco. Contra os suíços, no entanto, fez falta. Portanto cabe ao técnico Vicente Del Bosque tentar colocar na cabeça de seus comandados que quando há chance é melhor matar o jogo para não correr riscos. Até porque nas oitavas de final o adversário será ou Brasil ou Portugal.

Na partida contra os hondurenhos, Del Bosque promoveu modificações em relação ao time que foi derrotado pela Suíça. Iniesta saiu para a entrada de Fernando Torres e Jesus Navas, que entrara muito bem na estreia, roubou a vaga de David Silva. É difícil dizer se as alterações deram resultado, já que o adversário não ofereceu grande resistência. Mas alguns pontos valem ser ressaltados. Torres está sem ritmo de jogo, sem tempo de bola. Isso ficou claro nos gols que o atacante do Liverpool perdeu, vários deles feitos. Mas o Niño é titular da seleção e sua escalação, inclusive, facilitou o trabalho do companheiro de ataque David Villa, que jogou aberto pela esquerda, partindo pra cima dos defensores. O novo jogador do Barcelona marcou dois gols (o primeiro deles um golaço) e ainda perdeu um penalti.

Já a entrada de Jesus Navas aumentou a velocidade da Espanha. David Silva é mais meia, tem um toque refinado, mas prende mais a bola do que Navas, que atua como um autêntico ponta-direita. Diante de equipes mais fechadas, essa boa opção pelos lados do campo com certeza ajuda a furar a retranca adversária. Vamos ver se na partida contra o Chile, líder do Grupo H, Del Bosque mantém a mesma formação.

Esse confronto contra o Chile, aliás, é muito perigoso. Isso porque para aos chilenos basta o empate não só para se classificar, como para garantir o primeiro lugar da chave. Aos espanhois só a vitória interessa, já que na outra partida não acredito que a Suíça vá encontrar dificuldades para vencer Honduras. Claro que a Espanha tem um time superior à seleção chilena, mas numa Copa com tantas zebras, não vou me surpreender se a Fúria ficar mais uma vez pelo caminho. Mas espero que isso não aconteça, porque quero ver bons jogos nas fases finais.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Brasil jogou como Brasil

No post referente à vitória sobre a Coreia do Norte afirmei que poderíamos esperar uma atuação bem melhor da Seleção Brasileira nas partidas seguintes, já que o Brasil costuma jogar mais diante de adversários mais qualificados, principalmente porque estes não ficam o tempo todo atrás, buscando apenas se defender. Pois bem, foi o que aconteceu ontem no Soccer City.

O primeiro tempo começou com a Costa do Marfim em cima, marcando pressão os principais jogadores brasileiros e mantendo a posse de bola. Nenhuma oportunidade, no entanto, foi criada. A zaga do Brasil mostrou a conhecida competência de sempre, especialmente Lúcio, que colou em Didier Drogba e não deixou o atacante do Chelsea jogar. Mesmo mal, os comandados de Dunga chegaram ao gol justamente no que tinham de diferente em relação aos marfinenses: o talento. Bastou o trio Robinho/Kaká/Luis Fabiano acertar uma tabela para o placar ser aberto em um petardo do jogador do Sevilla.

A partir daí até o intervalo pouco se viu. O jogo continuou parelho, com os dois times sem criar muitas chances. Na segunda etapa, porém, a postura brasileira foi outra. Desde o início a Seleção assumiu o controle do jogo e partiu pra cima em busca do segundo gol. E ai mais uma vez brilhou a estrela do artilheiro. Julio Cesar bateu tiro de meta para um isolado Luis Fabiano. O atacante brigou na raça com os enormes zagueiros africanos, chapelou dois e bateu de canhota sem chances para Barry. Golaço. O Fabuloso teve o auxílio do braço para matar a bola, mas, como disse meu amigo Camilo Pinheiro, o ato irregular foi uma licença poética depois da pintura que ele tinha acabado de realizar. Foi um golaço e ponto final.

O terceiro saiu logo depois, com Elano aproveitando cruzamento de Kaká. O craque do Real Madrid, aliás, jogou bem, sendo decisivo em dois gols. Quase deixou o dele, mas o goleiro Barry impediu. Com 3 a 0 no placar, a zaga brasileira acabou cochilando e com Drogba isso nunca fica impune. O atacante marfinense diminuiu a desvantagem para 3 a 1 numa bela cabeçada. Antes do final do jogo ainda teve tempo para uma bobeira de Kaká. Ele se deixou levar pela violência da Costa do Marfim, envolveu-se em confusão com Keita e acabou expulso. A sorte é que a classificação já está garantida, mas o jogo diante de Portugal definirá quem será o primeiro do grupo e a ausência do camisa 10 pode prejudicar planos futuros do Brasil. Agora o foco se volta para saber quem será o substituto: Daniel Alves, Julio Baptista, Ramires ou Robinho recuado para a entrada de Nilmar na frente. Fico com a segunda opção, já que o meia da Roma é o substituto natural da posição. Mas como cabeça de treinador é difícil de entender, ainda mais do técnico brasileiro, é melhor esperar.

Também vale uma cornetada nos africanos. Esperava bem mais da equipe de Eriksson (aliás, esperava bem mais de todas as seleções africanas), mas o que vi foi um time muito forte fisicamente, até bem distribuído em campo, só que com pouca técnica, pouca criatividade. E que apelou para entradas duras e maldosas. Elano, inclusive, teve que ser substituído depois de quase ter a perna arrancada em uma dividida. Se ao invés de bater tivessem apenas se preocupado em jogar futebol, talvez a Costa do Marfim não estivesse praticamente eliminada da Copa do Mundo.

Digo isso porque Portugal tirou a barriga da miséria e sapecou 7 a 0 na Coreia do Norte, a maior goleada da competição até agora. A boa exibição portuguesa tem o dedo do técnico Carlos Queiroz, que fez modificações na equipe que empatou na estreia. Deco deu lugar a Tiago, que marcou duas vezes; Simão, que também deixou o dele, entrou na vaga de Danny; e Hugo Almeida, outro que fez gol, começou de titular no lugar de Liédson. O brasileiro naturalizado, no entanto, entrou no segundo tempo e também deixou sua marca. Raul Meireles e Cristiano Ronaldo completaram o placar.

O curioso dessa partida foi o fato de que o primeiro tempo terminou com 1 a 0 para o time luso, com os coreanos assustando o gol de Eduardo, especialmente em chutes de longe. Talvez isso, por incrível que pareça, tenha atrapalhado a equipe asiática, pois após o intervalo a Coreia do Norte se abriu e foi para o ataque em busca do empate. E ai a infinita maior qualidade de Portugal fez com que o placar fosse dilatado.

A classificação portuguesa para as oitavas de final está bem encaminhada em função do saldo de gols. Somente um milagre marfinense tira Cristiano Ronaldo e Cia da Copa, o que tira um pouco do peso do jogo da próxima sexta-feira. Porém, Brasil e Portugal decidem quem será o primeiro colocado e isso pode significar fugir da Espanha. Portanto, a promessa é de que teremos um jogaço no final desta semana.

Antes de terminar o post, uma rápida passada pelo Grupo F, que teve seus dois jogos também no domingo. O Paraguai fez o que dele se esperava e venceu a Eslováquia com tranquilidade, por 2 a 0. A situação dos sul-americanos é muito tranquila, já que uma vitória diante da Nova Zelândia na última rodada garante ao time de Gerardo Martino a primeira colocação do grupo. Já a Itália não saiu de um empate com a frágil seleção neozelandesa e soma dois pontos. A situação não é das mais difíceis, já que uma vitória simples sobre os eslovacos já serve. Mas com a bolinha que os comandados de Marcelo Lippi estão jogando, periga mais uma zebra passear pelos gramados sul-africanos.

domingo, 20 de junho de 2010

O primeiro classificado e o primeiro eliminado

O sábado foi de definição para duas seleções do mesmo grupo, o E. A Holanda venceu outra e se garantiu nas oitavas de final, enquanto Camarões foi o primeiro time a dar adeus ao Mundial. No caso dos holandeses a campanha 100% já poderia ser prevista, já que o desempenho da equipe desde as eliminatórias é impressionante. A atuação, no entanto, não foi das melhores. Esperava-se que a seleção de Van Marwijk derrotasse o Japão com certa facilidade, haja visto a disparidade entre as duas equipes, mas o que vimos foi uma Holanda ainda presa, sem demonstrar seu principal diferencial que é a movimentação. A ausência de Robben contribui para isso, porém, nos amistosos pré-Copa, os holandeses, sem a presença do craque do Bayern de Munique, conseguiram ótimas exibições. Talvez seja o peso da competição.

De qualquer maneira, o objetivo foi alcançado. Classificação garantida e oportunidade de acertar alguns defeitos no time, especialmente na defesa, que de vez em quando dá algumas bobeiras. Mais tempo também para a recuperação de Robben, que pode dar o toque que está faltando à equipe holandesa. Por enquanto só Sneijder correspondeu às expectativas. Mas dá pra reclamar da Holanda? Não, não dá.

Já de Camarões dá pra reclamar, e muito. Os Leões Indomáveis são minha primeira decepção dessa Copa. Apostava bastante no time de Eto`o, especialmente porque o achava melhor do que os outros adversários de grupo, Dinamarca e Japão. A campanha, no entanto, foi pífia. Derrota para o Japão no primeiro jogo, sem conseguir ameaçar muito o gol japonês, numa partida em que estava tudo errado, a começar pelo posicionamento da equipe, que deixava muitos espaços. Isso sem contar que Samuel Eto`o fora escalado na ponta-direita. Diante dos escandinavos a atuação melhorou, principalmente porque algumas alterações foram feitas - dizem que os jogadores impuseram isso ao técnico Paul Le Guen. A mais importante foi a escalação do atacante do Inter de Milão em sua real posição.

As mudanças surtiram efeito tanto em termos técnicos, quanto em disposição, mas os camaroneses não contavam com uma excelente atuação do adversário. O resultado foi o melhor jogo da Copa até agora. Camarões e Dinamarca jogaram pra frente o tempo todo, meio que despreocupados com a marcação, e inúmeras chances de gol foram criadas. Os escandinavos foram mais competentes nas finalizações e ganharam por 2 a 1, de virada. Agora disputam em confronto direto com o Japão a segunda vaga do grupo, com grandes chances de passar, já que acho a equipe europeia superior à asiática. Já os camaroneses se despedem de forma melancólica da Copa da África, mostrando que os Leões já não são tão indomáveis assim.

No outro jogo do dia, Gana perdeu grande oportunidade de praticamente se garantir na próxima fase. Empatou com a Austrália mesmo jogando com um a mais desde os 24 do primeiro tempo e agora corre risco de ficar fora das oitavas. Isso porque, apesar de estar na liderança do grupo com 4 pontos, os africanos encaram a Alemanha na última rodada, enquanto a Sérvia enfrenta os australianos. Um empate classifica os ganeses, mas uma derrota aliada à vitória sérvia na outra partida tira a equipe da Copa do Mundo.

sábado, 19 de junho de 2010

Sexta-feira listrada em preto e branco

A Copa já tinha proporcionado algumas zebras, mas ontem foi, sem dúvida, o dia em que mais resultados surpreendentes aconteceram. Milhares de pessoas arruinaram suas chances no bolão e quem foi ousado nos palpites provavelmente embolsou uma graninha. Os comentaristas também sofreram e nessa classe eu me incluo. Simplesmente errei todos os resultados da sexta-feira e o saldo só não foi pior porque os Estados Unidos conseguiram empate heroico (e quase viraram) em cima da Eslovênia.

O primeiro jogo do dia não foi aquela zebraça, até porque a Sérvia chegou na África do Sul com moral, depois de vencer seu grupo nas Eliminatórias e jogar a França pra repescagem. Mas pelo que vi na primeira rodada, especialmente dos alemães, esperava que os tricampeões mundiais fossem ganhar mais uma. Ledo engano. O time de Joachim Low jogou bem novamente, criou inúmeras chances - inclusive um penalti desperdiçado por Podolski -, mas foi derrotado por 1 a 0 em um belo jogo de futebol. Os germânicos foram prejudicados pela expulsão (justa) de Klose ainda na primeira etapa. O resultado é ruim, claro, mas a meu ver nao preocupa a classificação da Alemanha, que é bem superior à Gana, seu terceiro adversário. Porém, como a Copa do Mundo está muito louca, não vou me surpreender se alguns favoritos caírem.

Já a Sérvia ganhou sobrevida e, mais que isso, boas chances de avançar. Isso porque na última rodada encara a Austrália, o time mais fraco do grupo, e deve vencer. Vejam bem, deve. Mas não boto minha mao no fogo.

Outro favorito que tropeçou, esse sim um tropeção, foi a Inglaterra. Diante da Argélia, uma das piores seleções da competição, o time jogou muito mal, criou pouquíssimas oportunidades e não saiu do zero no placar. O segundo empate em 2 jogos, muito pouco para quem chegou com tanta moral no campeonato. O time inglês tem grandes nomes como Lampard, Gerrard e Rooney, mas até agora nenhum mostrou o que estamos acostumados a ver em seus clubes. O companheiro do atacante do Manchester United no ataque é o limitadíssimo Heskey. Se olhar pro banco, a opção não é melhor: Peter Crouch. Então os ingleses não tem têm muito o que comemorar, pelo contrário, as atuações da equipe de Fabio Capello preocupam, até porque o adversário na última rodada é a maior supresa do grupo, a Eslovênia, que tem 4 pontos e joga pelo empate. Tarefa complicada para a Inglaterra, ainda mais com esse futebolzinho...

A melhor partida do dia, no entanto, foi a que menos podia-se esperar alguma coisa. Estados Unidos e Eslovênia fizeram um jogo bastante movimentado, com direito a empate heroico e gol mal anulado no finalzinho, que daria uma virada espetacular aos americanos. Os europeus abriram 2 a 0 ainda na primeira etapa, jogando no erro do adversário e aproveitando-se da falta de pontaria dos comandados de Bob Bradley. No segundo tempo, porém, desde o início os Estados Unidos adotaram uma postura mais agressiva e chegaram ao empate merecido. Depois ainda conseguiram marcar o terceiro, com Eddu, mas o árbitro malinês Koman Coulibaly anulou estranhamente. O 2 a 2 não foi ruim para as duas seleções, que entram na última rodada dependendo dos próprios resultados. Os americanos precisam derrotar a Argélia e os eslovenos apenas empatar com a Inglaterra.

FAVORITA?

A Argentina goleou a Coreia do Sul por 4 a 1. Observando o placar, a sensação é que a seleção fez uma partida sensacional. Porém não foi bem assim. O time ainda não teve sua defesa testada nesta Copa, e esse setor ainda mostra fragilidade. A prova disso foi a falha do zagueiro Demichellis no gol sul-coreano.

No primeiro tempo, a Argentina chegou aos seus dois gols com o que mostrou de afinado: A bola aérea. No primeiro, contou com a sorte e a canela de um asiático. No segundo, Higuain não cabeceou forte, mas o desvio foi suficiente para a bola morrer nas redes.

Mesmo com a falha de Demichellis, a Argentina foi para o intervalo com a sensação e que poderia fazer mais. No entanto, a segunda etapa começou com os sul-coreanos mais ao ataque. Os jogadores da Coreia do Sul abusavam da velocidade e se favoreciam do fato da defesa argentina ser lenta e pesada. Mas por outro lado, isso começou a servir espaços cada vez maiores para os jogadores argentinos explorarem a velocidade de seus atacantes, ainda mais de Messi.

O melhor jogador do mundo não marcou gols, mas com suas arrancadas e dribles foi fundamental para a marcação dos outros dois gols da Argentina, todos anotados por Higuain, agora artilheiro do Mundial.

Os dribles de Messi, as jogadas de Tevez, e depois de Aguero, que substituiu o jogador do Manchester City muito bem, dão esperança ao torcedor argentino de que, depois de 24 anos, a taça do mundo possa voltar a Buenos Aires. Mas a defesa ainda causa calafrios. Não dá para apontar ainda a Argentina como favorita ao título, porém essa seleção mostra muita evolução em relação àquela que se classificou com dificuldade nas Eliminatórias.
Por Raphael Martins

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Au Revoir, Le Bleus

O fracasso francês nesse Copa estava desenhado desde as Eliminatórias, quando os Bleus conseguiram a classificação em lance irregular de Thierry Henry. Depois, uma convocação muito criticada pela imprensa, com direito a Benzema fora, e uma preparação com tropeços, como a derrota para a China. Claro que a França, pela história recente que construiu, poderia muito bem chegar na África do Sul e deixar essas incertezas de lado, pois até tem jogadores pra isso. Mas não foi o que aconteceu.

Se na primeira rodada houve empate sem graça com o Uruguai, ontem foi a vez da equipe de Raymond Domenech cair diante do México, por 2 a 0. E poderia ter sido até mais, tamanha a superioridade dos mexicanos. A campanha da França lembra muito a da Copa de 2002, quando o time foi eliminado na primeira fase, sem marcar gols. Para igualar o péssimo desempenho de 8 anos atrás, falta só um jogo, contra a África do Sul.

Teoricamente os franceses não estão eliminados, mas precisam vencer (e bem) os anfitriões e torcer para que não haja empate entre México e Uruguai. O mesmo raciocínio vale para a seleção de Parreira. Mexicanos e uruguaios poderiam muito bem fazer um autêntico jogo de compadres e ficar naquele 0 a 0, que garantiria os dois. Mas não acredito que isso vá acontecer, já que quem ficar com a segunda vaga (e com um empate seria o México) enfrentará a Argentina nas oitavas de final.

O México terá dois desfalques importantes na última rodada. Carlos Vela sofreu uma lesão muscular ainda no primeiro tempo e está fora do jogo. Corre risco de ficar até fora da Copa. O outro é Juárez, suspenso. No lugar desse deve entrar Javier Hernández, autor do gol que abriu o placar diante da França. O garoto, aliás, vem tendo sua titularidade pedida pela imprensa do país e essa partida pode ser importante para que ele garanta sua vaga entre os 11 iniciais.

Artilheiro desencanta e Argentina goleia

Época de Copa do Mundo é realmente muito boa. Hoje, por exemplo, acordei e liguei a TV para ver o jogo da Argentina. Quinta-feira de manhã e sou brindado com um belo jogo de futebol. Até melhora o resto dia. Pois bem, acreditava que o time coreano fosse oferecer mais resistência aos argentinos do que os nigerianos na primeira rodada, mas não foi bem isso que aconteceu. O domínio da seleção de Maradona pode ser explicado através dos números. Foram 57% de posse bola contra 43%; 22 chutes contra 13; e 6 escanteios contra 2 da Coreia do Sul.

Higuaín, muito criticado pela estreia, mostrou que não foi artilheiro do Real Madrid na temporada por acaso. Marcou 3 vezes e assumiu a artilharia da Copa. Messi e Tevez jogaram bem mais uma vez, e Aguero, que substituiu justamente o atacante do Manchester City, foi outro que teve participação efetiva no resultado. Ao contrário do primeiro jogo, Di Maria teve boa atuação, saindo em velocidade pelo lado esquerdo e isso tornou a Argentina ainda mais envolvente no ataque. Maradona também teu seus méritos pela exibição da equipe. Teve peito para sacar Verón - muito lento e num esquema 4-3-3 os homens de meio-campo têm que marcar - e colocar Maxi Rodríguez no time titular, o que aumentou a velocidade da saída de bola.

A defesa, porém, ainda é um ponto fraco. O gol da Coreia surgiu de uma falha individual grotesca de Demichelis e no início da segunda etapa os asiáticos criaram algumas chances. Jonas Gutierrez segue deixando espaços na direita, mas a opção por Burdisso na lateral deve ser deixada de lado pelo menos por enquanto, já que Samuel saiu contundido ainda no primeiro tempo e, provavelmente, não estará em campo contra a Grécia. Mesmo assim acredito que o ataque poderoso pode dar o título à Argentina.

Já a Coreia do Sul mostrou que está em um nível abaixo das principais seleções do mundo. Teve algumas oportunidades, mas não ameaçou a vitória argentina. De qualquer maneira, o time entra na última rodada podendo até empatar com a Nigéria (acho muito difícil que a Grécia tire pontos da Argentina) para se classificar. Como o time africano é fraco, o mais provável é que os coreanos fiquem com a segunda vaga.

Falando rapidamente sobre o outro jogo do grupo, a Nigéria teve a chance de ficar dependendo do próprio resultado para se classificar, mas perdeu pra Grécia, a seleção mais limitada do grupo B. O pior é que foi de virada e com a colaboração de duas falhas individuais. Primeiro de Kaita, que, quando o placar marcava 1 a 0 para os nigerianos, agrediu o adversário e foi expulso ainda no primeiro tempo. Com um a mais em campo, os gregos foram pra cima e pressionaram muito até conseguir virar, com Torosidis, aproveitando falha do goleiro Enyeama. Aliás, uma pena, já que o goleiro africano estava agarrando muito, salvando a equipe, assim como fizera diante da Argentina. Com o resultado, a Nigéria precisa ganhar da Coreia por 2 gols de diferença e torcer pros argentinos vencerem a Grécia. Pelo que vi até agora, acho pouco provável.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tristeza sul-africana

A boa atuação diante do México somada ao apoio da torcida fez com que os sul-africanos acreditassem numa vitória diante do Uruguai. Mas não houve a menor chance. A Ceslete foi superior o jogo todo, dominou as ações e venceu com justiça, encerrando um jejum histórico em Copas do Mundo. Desde 1990 que os uruguaios não venciam na competição.

O triunfo deve-se muito à ousadia do técnico Oscar Tabárez, que modificou o esquema tático depois da péssima exibição diante da França do 3-5-2 para o 4-4-2. Saiu o zagueiro Victorino para a entrada do atacante Edinson Cavani. Com isso, Forlán foi recuado para o meio-campo, jogando do jeito que ele gosta: vindo de trás, recebendo as bolas de frente pra meta. E foi assim que surgiu o primeiro gol, numa bomba de fora da área. Isso sem contar que o time sul-americano ficou mais leve em campo e melhorou na criação.

Na segunda etapa a vitória se confirmou especialmente após a marcação do penalti, que resultou na expulsão do goleiro sul-africano Khune. Forlán bateu bem e fez o segundo. Nos acréscimos Álvaro Rios marcou o terceiro. O Uruguai colocou um pé nas oitavas-de-final e quem enfrentá-lo terá trabalho.

Já a África do Sul mostrou suas limitações. No jogo de estreia, talvez por toda a atmosfera criada, elas foram superadas pela vontade dos Bafana-Bafana. Mas os principais jogadores da equipe de Parreira estavam apagados e o sonho da classificação ficou muito difícil. Um empate entre França e México ajuda bastante, pois ai bastaria uma vitória diante dos franceses e que os mexicanos não vencessem o Uruguai na última rodada. Mesmo assim é complicado e não acredito que na ressurreição sul-africana. Uma pena.

Suíça sossega a Fúria

Amigos do Passando a Bola, desculpem o atraso no texto sobre o grupo H, mas a carga de trabalho está intenso, então fica difícil arrumar tempo. Mas vamos lá.

A estreia da Espanha foi daquelas partidas que fazem o futebol ser esse esporte tão apaixonante. A Fúria jogou bem, aliás, ouso dizer que teve uma das melhores apresentações da primeira rodada da Copa, mas como o que vale é bola na rede, não foi capaz de vazar a defesa suíça e, de quebra, ainda levou um gol em lance isolado, de Gelson Fernandes. Para se ter noção da superioridade espanhola, basta ver os números da partida. Os campeões europeus ficaram 63% do tempo com a posse de bola contra 37%; foram 24 chutes da Espanha contra apenas 8 da Suíça; 12 escanteios contra 3. E por aí vai.

O esquema adotado por Vicente Del Bosque foi o tradicional 4-3-3 na hora de atacar, com muito controle da bola, troca de passes e viradas de jogo, tentando encontrar um espaço na retranca adversária. E o ferrolho suíço foi complicado de ser furado. Em função de não estar na condição física ideal, Fernando Torres começou no banco. O time titular tinha Bousquets e Xabi Alonso como volantes, Xavi um pouco mais a frente, comandando o meio-campo. Na frente, Iniesta abria pela esquerda e David Silva pela direita, com Villa centralizado. Para tentar confundir a marcação, Iniesta e Silva trocaram bastante de posição e chances foram criadas, mas o excesso de preciosismo espanhol atrapalhou. É bonito de se ver a Fúria jogar, mas às vezes tenho a impressão de que para eles só vale golaço. Sempre tem que ter um toque a mais, um drible, uma jogada de efeito. E diante de um time como a Suíça, que tradicionalmente se defende muito bem (ontem completou 5 jogos de Copa do Mundo sem levar gol - 4 em 2006, na Alemanha) e dá poucas oportunidades ao ataque adversário, isso é um pecado.

David Villa não estava num dia inspirado, se movimentando pouco e errando alguns passes, e Silva idem. Tanto é que, ainda no início da segunda etapa, depois que sofreu o gol, Del Bosque colocou Jesus Navas pela direita, um jogador mais agudo, que deu mais velocidade ao ataque espanhol. Depois foi a vez de Torres entrar no lugar de Bousquets, mas a falta de ritmo ficou visível no atacante do Liverpool, que pouco fez. No desespero, Pedro foi colocado em campo, deixando a Fúria com praticamente 4 atacantes, mas não deu certo. A zebra já era uma realidade. A derrota não tira a Espanha do grupo dos favoritos, mas estrear perdendo, é claro, não é boa. Agora há obrigação de vitória diante de Honduras e Chile, o que acredito que não será problema, já que as duas seleções não vão se defender tão bem. Porém, futebol é futebol e prega muitas peças.

Já a Suíça é aquilo ali que foi mostrado ontem. Claro que como o adversário era a Espanha, infinitamente superior, o objetivo era mesmo somente se defender e, se desse, aproveitar alguma oportunidade no ataque. Por isso não deu pra avaliar muito a equipe de Ottmar Hitzfeld. A defesa é ótima, ficou provado, mas a parte ofensiva deixa a desejar. A dupla de atacantes (Nkufo/Derdiyok) é fraca e falta criatividade ao meio-campo. No entanto, como o adversário mais complicado do grupo foi batido, a classificação suíça está encaminhada.

Encaminhada, mas não garantida, pois o Chile mostrou um ótimo futebol contra Honduras. Claro que o adversário não é dos melhores e que o placar foi magro, mas traduziu o que foi o jogo. Desde o início os sul-americanos foram pra cima, jogando um futebol ofensivo, especialmente com o trio Valdivia/Beausejour/Sanchez. O último, aliás, foi o melhor em campo, muito rápido e atrevido, sempre partindo pra cima dos marcadores. Nas finalizações, porém, pecou bastante. Se o artilheiro David Suazo estivesse jogando (ele está se recuperando de problemas musculares), provavelmente o resultado seria mais elástico. Olho no time de Bielsa, que ele pode complicar.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Estreia ruim, mas que não assusta

É claro que todo brasileiro está um pouco decepcionado com a atuação da Seleção. Diante da frágil Coreia do Norte, houve quem esperasse goleada, show de bola; eu, inclusive, apostei 4 a 0 no bolão. O que se viu, no entanto, está longe disso. Mas ao analisarmos friamente, o resultado de 2 a 1 não foi tão surpreendente, por vários fatores. O primeiro é clássico e notório: a ansiedade pela estreia. Nove dos 14 jogadores que entraram em campo disputam sua primeira Copa do Mundo.

A segunda razão é que também é fato que diante de adversários menos qualificados o Brasil tem mais dificuldades e isso por um motivo muito simples. Eles vêm com todos os jogadores atrás da bola, bem organizados taticamente e guardando posição. Os coreanos, por exemplo, deixaram apenas o melhor do time deles, Tae Se, isolado na frente e tentavam escapar no contra-ataque, chamando a Seleção Brasileira para o seu campo. Contra Costa do Marfim e Portugal, times que com certeza adotarão postura mais ofensiva, a tendência é que haja uma melhora no Brasil, pois haverá mais espaço. Não custa lembrar que as melhores exibições de 2006 pra cá foram diante de rivais de porte, como Itália, Argentina e, inclusive, Portugal. A terceira e última razão é que nenhuma seleção até agora - exceto a Alemanha - fez uma apresentação convincente, por isso estamos na média.

Porém, ainda há alguns problemas para serem consertados. O fato de jogar diante de um adversário mais preocupado em se defender faz com que a equipe tenha mais posse de bola e isso ficou provado em números nessa estreia: o Brasil teve 67% de posse contra 37% dos coreanos. Mas faltou qualidade ao meio-campo e movimentação na frente, especialmente de Kaká e Luis Fabiano, e poucas chances foram criadas na primeira etapa, apenas em chutes de longe.

No segundo tempo a postura foi bem melhor. O Brasil ficou mais incisivo no ataque, impôs sua superioridade e abriu 2 a 0 aos 26 minutos com gols dos dois melhores jogadores em campo: Maicon e Elano. Nessa categoria também vale uma citação a Robinho, pela disposição e por ter rendido bem como meia. Kaká, por sua vez, não teve boa participação, visivelmente fora de ritmo. Tanto que acabou sendo substituído por Nilmar na metade final da segunda etapa. Sua melhora é fundamental para o sucesso da Seleção.

Outra coisa que vem me incomodando desde o jogo contra o Zimbábue (por incrível que pareça) é que estamos dando oportunidades demais para equipes fracas. Nos dois amistosos antes da estreia (contra o citado Zimbábue e contra a Tanzânia) nosso sistema defensivo já tinha deixado espaços, obrigando o goleiro Gomes a mostrar serviço. Diante da Coreia as chances adversárias diminuíram, é verdade, mas em diversas ocasiões os asiáticos tiveram chance de chutar, o que acabariam mais tarde conseguindo.

Mas mesmo com esses problemas, acredito que haverá melhoras significativas já para a partida de domingo, contra a Costa do Marfim. São oponentes bem mais qualificados técnica, física e taticamente, mas, como já escrevi, é nesses jogos que o Brasil cresce. E eu aposto nisso.


Aposto nisso porque os marfinenses não mostraram um bom futebol diante de Portugal e vice-versa. O jogo, aliás, foi bem chato de se ver e o placar zerado o traduziu com perfeição. Talvez por excesso de respeito de ambos os lados, não houve grandes oportunidades. Costa da Marfim foi um pouco melhor no geral, com mais volume e opções de jogo, mas nada que lhe fizesse merecer a vitória. O time de Sven-Goran Ericksson sentiu a falta de Drogba, que começou no banco e entrou no decorrer do segundo tempo. Mesmo em campo, o atacante do Chelsea parecia inseguro e quase não apareceu. Contra o Brasil sua condição será melhor e com certeza isso ajudará bastante os africanos.

Já a equipe portuguesa precisa se acertar. A defesa é boa e mostrou segurança, mas do meio pra frente faltou, principalmente, organização. O quarteto ofensivo Danny/Deco/Cristiano Ronaldo/Liédson parecia confuso, errando muitos passes e não se achando em campo. A melhor oportunidade foi em lance individual de Ronaldo, num chutaço de fora da área. Também foi só isso que o craque do Real Madrid fez. No resto do jogo esteve apagado. Não sei não, mas levei mais fé na Costa do Marfim do que em Portugal. Veremos o que vai acontecer.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Itália é sempre Itália

Criou-se muito expectativa em relação à estreia italiana diante do Paraguai. Time considerado velho, vivendo um momento ruim, diante de um adversário difícil, vice-campeão das eliminatórias sul-americanas. A partida foi complicada, é verdade, e o empate justo, diga-se de passagem. Mas a atuação da equipe de Marcelo Lippi me surpreendeu positivamente. A Itália foi melhor do que os paraguaios, nada demais, mas mostrou que em Copas do Mundo deve ser respeitada.

O time joga num 4-3-3 com algumas variações. No meio, dois volantes com bom passe (De Rossi e Marchisio) e um meia (Montolivo). Na frente, Simone Pepe, pra mim o melhor em campo, joga mais aberto pela esquerda, Iaquinta pela direita e Gilardino centralizado. O primeiro, quando a Itália se defende, volta e ajuda na marcação. O estilo de jogo italiano continua o mesmo de sempre. Foco numa defesa segura e um ataque econômico, que não cria muito, mas aproveita as oportunidades que tem.

O empate na estreia contra o adversário mais complicado do grupo F coloca a Itália em boa situação, pois não acredito que Eslováquia e Nova Zelândia oferecerão grande resistência. Passando de fase, entrando no mata-mata, a tradição entra em campo e ai os italianos não podem nunca ser deixados de lado. A nota preocupante de ontem foi a saída de Buffon no intervalo, por um problema no nervo ciático. Vamos ver se o goleiro estará em condições de entrar em campo na próxima rodada.

O Paraguai, por sua vez, me decepcionou um pouco. Achei o time passivo, aceitando muito o jogo adversário. O peso de jogar contra uma tetracampeã mundial pesou e os comandados de Gerardo Martino se apequenaram. Mas, assim como falei sobre a Itália, não acredito que os paraguaios terão dificuldades para se classificar. O futebol apresentado, porém, precisa melhorar.

PIÉ DERECHO

A Argentina começou a sua campanha na Copa do Mundo da África do Sul com vitória. Não foi um bom jogo, não foi uma vitória categórica e muito menos a seleção treinada por Diego Maradona mostrou brilhantismo. Longe disso.

A defesa não foi testada, afinal a Nigéria mostrou ser um time sem poder ofensivo. O ataque, muito elogiado antes do Mundial, também deixou a desejar. Higuain mostrou uma capacidade impressionante de perder gols. Até mesmo Tevez perdeu boas chances de marcar. Di Maria então nem foi notado em campo. Milito tem deve ganhar uma vaga neste ataque.

Precisou o zagueiro Heinze, numa movimentação ensaiada na ocasião da cobrança de escanteio, marcar o gol único da partida. Aliás, o zagueiro que tem lá suas limitações, se mexeu muito bem para se livrar da marcação do jogador nigeriano. Achou o espaço e cabeceou livre.

Assim como em 2002, a Argentina derrotou a Nigéria por 1 a 0 na estréia. No entanto, os argentinos esperam que a campanha não seja igual. Daquela vez, a blanquiceleste foi eliminada na primeira fase. Dificilmente isso ocorrerá desta vez. O próximo adversário é a Coreia do Sul.

Os sul-coreanos até apresentaram melhor futebol que os argentinos em sua estréia, diante da fraca Grécia, a pior seleção desse Grupo B da Copa do Mundo. Não acredito em facilidade para o time de Maradona. Posso até ser ousado em dizer que o lento sistema defensivo da Argentina terá dificuldade contra os velozes asiáticos. Tem tudo para ser um bom teste.
Por Raphael Martins

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Holanda joga para o gasto

Acordei cedo nesta segunda para ver a Holanda esperando uma grande exibição, mas me decepcionei um pouco. O time laranja não jogou bem, muito preso em suas posições, diferente da equipe de bastante movimentação que vimos nos amistosos pré-Copa. Claro que foi só o primeiro jogo, há aquela dificuldade a mais da estreia, Robben não jogou - e ele faz a diferença -, o adversário se preocupou somente em se defender, mas poderia ter sido melhor. Senti uma certa preguiça e alguma auto-suficiência, aquela velha história de achar que pode ganhar a qualquer. Diante da frágil Dinamarca isso funciona, mas contra uma seleção mais perigosa pode haver problemas com essa postura. O importante, porém, foi a vitória, sem correr riscos.

O esquema holandês é idêntico ao da Alemanha. O técnico Bert Van Marwijk escala sua equipe num 4-2-3-1, com dois volantes mais presos (De Jong e Van Bommel) e um quarteto de ataque, que costuma se movimentar bastante, sem guardar posição. Kuyt atua aberto pela direita, Sneijder pelo meio e Van der Vaart pela esquerda, com Van Persie mais a frente. Na próxima partida, contra o Japão, Robben deve estar recuperado e entrará na vaga de Van der Vaart, o que vai aumentar a velocidade na armação de jogadas, especialmente porque o jogador do Bayern de Munique é um autêntico ponta, diferentemente do seu substituto, que tem estilo mais cadenciado.

Diante da Dinamarca, essa cadência, não só de Van der Vaart, mas de todo o time holandês irritou, principalmente na primeira etapa. A falta de mobilidade fez com que os escandinavos conseguissem anular as peças ofensivas da Holanda com certa facilidade e até chegar ao ataque em algumas oportunidades, fazendo o goleiro Stekelenburg trabalhar. Depois do intervalo, os holandeses conseguiram um gol logo aos 30 segundos (contra, de Poulsen) e isso obrigou o adversário a sair mais para o jogo, deixando mais espaços na defesa. Van Marwijk percebeu isso e fez alterações que melhoraram o desempenho da equipe. Elia entrou no lugar de Van der Vaart e Afellay substituiu Van Persie. O segundo foi atuar no lado direito, enquanto Kuyt, que caía por ali, foi deslocado para o comando do ataque. E foi dele o segundo gol, pegando o rebote da trave em chute de Elia, depois de belo passe de Sneijder. Essa, aliás, foi a única jogada mais trabalhada criada pela Holanda na partida.

De qualquer maneira, o resultado confirma o amplo favoritismo holandês nesse grupo E. Acredito que o time vença os dois jogos que restam, passando em primeiro lugar. Já a Dinamarca é fraca e seu principal jogador, Bendtner, atuou no sacrifício, além de ter tido o desfalque do Tomasson, o que complicou ainda mais. Mas pode ficar com a segunda vaga porque os outros adversários da chave são tão frágeis quanto.

O jogo entre Camarões e Japão foi uma pelada, um dos piores até agora. Já sabia que o time asiático era limitado, mas me surpreendeu o péssimo futebol apresentado pelos camaroneses. Esperava bem mais da seleção de Paul Le Guen, ainda mais atuando no continente africano. Mas o que vi em campo foi um time completamente desorganizado, errando muitos passes e sem criar jogadas. Quando tinham a bola, os Leões Indomáveis simplesmente davam chutão pra frente tentando arrumar alguma coisa, mas como os japoneses são muito disciplinados taticamente, a marcação foi facilitada.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o posicionamento de Samuel Eto'o. Não consegui entender a opção treinador em escalá-lo aberto na direita, com obrigação de voltar para buscar o jogo. Por vezes o atacante da Inter de Milão foi meia. Se existisse outro jogador de qualidade na frente, tudo bem, mas não é o caso. Os companheiros de Eto'o no trio ofensivo (Webo e Choupo-Moting) são fracos e o óbvio seria que o craque do time jogasse perto da área, pois trata-se de um excelente finalizador. Mas estranhamente Le Guen não concorda comigo. Outra escolha que me surpreendeu foi a não escalação de Alexandre Song, volante do Arsenal. Em um meio campo acéfalo como foi o de Camarões, com certeza a qualidade do passe de Song poderia ajudar. Agora a classificação para os camaroneses dependerá de um milagre, pois o time terá que vencer Dinamarca e Holanda. O primeiro é até possível, mas duvido que diante do time holandês os africanos tenham alguma chance.

Já o Japão conseguiu a vitória de maneira casual. Foi a campo claramente para não perder, com apenas um atacante e todos os jogadores atrás da linha da bola, tentando aproveitar alguma oportunidade isolada. E foi exatamante o que aconteceu. Em um cruzamento pra área, a zaga adversária falhou e Honda, o melhorzinho da equipe, completou pro gol. Muito pouco para um time que pretende se classificar. A disputa pela segunda vaga deve ficar com a Dinamarca, com favoritismo europeu.

domingo, 13 de junho de 2010

A jovem Alemanha me impressionou

Confesso que nunca fui muito fã do futebol alemão, por causa do estilo muitas vezes pragmático de jogo, a famosa falta de "jogo-de-cintura". Por isso fui meio desconfiado ver esse jovem time da Alemanha. Esperava uma vitória em função da superioridade em relação ao time australiano, mas sem muito brilho. Ainda bem que eu estava completamente enganado. Os alemães fizeram uma grande partida, disparada a melhor apresentação da Copa até agora. Um time formado por vários garotos com alguns "intrusos"mais veteranos como Klose e Friedrich que conseguiu manter uma característica do futebol do país - a disciplina tática - e aliou a algo que há tempo não conseguia, o talento.

O técnico Joachim Löw arma sua equipe num 4-2-3-1 que defende marcando em cima, sem dar espaços e toca bem a bola, sabe manter a posse e ir criando espaços aos poucos. Com isso tem o domínio do jogo. E foi o que aconteceu diante da Austrália. Schweinsteiger e Khedira formam a dupla de volantes que tem bom passe e, além de marcar, também participam das jogadas de ataque. Na linha de 3, Müller pela direita, Podolski pela esquerda e Özil, o melhor em campo, no centro, com Klose mais a frente.

A linha defensiva tem Lahm, o capitão, na lateral direita; Mertesacker e Friedrich na zaga; e Badstuber na lateral-esquerda. O goleiro é Neuer. Falei do time todo porque a Alemanha é para se prestar atenção. Fez 4 a 0 e poderia ter feito mais, já que inúmeras oportunidades foram criadas. Quero ver como será o desempenho contra Sérvia e Gana, adversários mais gabaritados do que a Austrália.

Um detalhe interessante sobre o grupo alemão é o fato de que todos os jogadores atuam na Bundesliga e a média de idade do time titular é baixa (24,8). Özil (foto) tem apenas 21 anos e, junto de Khedira (23) e Neuer (24), foi campeão europeu sub-21 em 2009. E ainda tem Müller, 20 anos, e Badstuber, 21, além do Marin, 21 anos, que entrou no segundo tempo. O mais velho é Klose, 32, mas que provou que é artilheiro em Copas do Mundo. Com o gol que marcou, chegou aos 11 nas 3 Copas que disputou e se igualou a Klinsmann, ídolo do futebol alemão. E ele poderia ter feito mais, pois perdeu algumas boas oportunidades. Se ele fizer mais quatro gols se junta a Ronaldo como o maior artilheiro da história das Copas do Mundo.

Também não posso deixar de citar o brasileiro Cacau (foto), que entrou na segunda etapa, e no seu primeiro toque na bola fez o gol. Mostrou que vive grande fase e que Löw pode contar com ele se precisar. E acho que o treinador sabe disso.

Já a Austrália me decepcionou um pouco. Não que eu esperasse um bom time, mas achei que eles fossem apresentar um futebol melhor. Mas trata-se de um time envelhecido. Para se ter uma ideia, a equipe titular diante da Alemanha era quase a mesma da derrota para a Itália nas oitavas de final da Copa de 2006. Apenas Emerton, Valeri e Garcia não começaram a partida no Mundial de 4 anos atrás. Emerton também estava lá, mas como reserva. Vamos ver se diante de Gana e Sérvia o desempenho melhora ou se o time é fraco mesmo. Eu fico com a segunda opção.

Em relação a Gana e Sérvia, foi um jogo monótono, em que o time africano conseguiu ser um pouco melhor na segunda etapa, quando criou algumas chances. Mesmo assim ganhou com um penalti bobo cometido por Kuzmanovic, que Gyan (foto) converteu. Os dois times precisam melhorar bastante para tentar fazer frente à Alemanha. A briga é pela segunda vaga mesmo e os ganeses podem praticamente se garantir na próxima fase se vencer a Austrália.