Não precisei pensar muito, já que Durval foi médico do Fluminense durante alguns anos, trabalhando, inclusive, com Carlos Alberto Parreira, atual treinador do clube. E foi durante um Fluminense e Vasco, em pleno Maracanã lotado, que aconteceu a história que vou narrar, quando o craque do tricolor, Rivelino, recebeu uma entrada dura de um adversário e caiu no gramado.
O juiz da partida, ninguém menos que o famoso Arnaldo César Coelho, ignorou a entrada e deixou o astro lá, atirado no gramado, pensando não passar de uma bela cera. Foi então que o Dr. Durval invadiu o campo, ignorando a negação do juiz, e correu para atender Rivelino, ainda sentindo dor no chão. Foi ai que aconteceu uma das cenas mais inusitadas que o Maracanã já viu.
O Sr. Arnaldo não gostou da atitude do médico tricolor e sacou do bolso o instrumento que é utilizado exclusivamente para advertir os jogadores, um cartão vermelho. Foi ai que meu avô se tornou o único médico no Maracanã a ser expulso de campo, com direito a cartão e foto enviada por um fotografo do Jornal do Brasil. E talvez um dos poucos cartões dados não por uma falta violenta ou por um xingamente, mas por um ato de bravura, de quem tinha certeza de qual era o seu dever.
O doutor um dia foi flamenguista. Mas depois de passar alguns anos pelas Laranjeiras, passou a dizer com orgulho que era tricolor, negando inclusive que tivesse sido rubro-negro algum dia. Percebendo que ele realmente acreditava naquela mudança de time e que algo muito bom deve ter acontecido para ele durante sua passagem pelas Laranjeiras, em sua homenagem farei o mesmo caminho e, por um dia, direi com orgulho que sou torcedor do Fluminense.
Que Deus o tenha e obrigado por tudo, doutor. Sentiremos sua falta, por tudo de bom que fez por essa família e por todos que o cercaram.