quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Crise ataca o líder

Noite de quarta-feira, jogo isolado do Brasileirão. O líder Palmeiras encara o 17º colocado, Santo André. O time do ABC jogava em casa, mas só na teoria, pois a maioria absoluta de torcedores era alviverde. E mais, o Santo André tinha até então o pior desempenho como mandante, com apenas 4 vitórias em 15 jogos. O Palmeiras, o melhor visitante. Pois bem, eu no conforto de minha casa pensei: "Hoje o time do Muricy volta a vencer, dá um bico nesse princípio de crise e o título brasileiro volta a ser questão de tempo". Ledo engano. Novamente o Palmeiras jogou muito mal, sem inspiração alguma e foi derrotado por 2 a 0 até com certa facilidade.

Não vou falar muito sobre a partida, pois já se passou muito tempo, apenas alguns registros. O Palmeiras até começou bem, mas bastou perder Cleiton Xavier aos 20 da primeira etapa para se desorganizar. A partir desse momento o time praticamente parou de criar e ficou dependente de chutões pra frente, bolas alçadas na área sem direção e do brilho individual de seus principais jogadores, como Vágner Love e Diego Souza. Vágner até jogou direitinho, buscou as jogadas, mas seu companheiro, Obina, não ajudou muito. Agora, o camisa 7, tido como craque do Brasileirão, está longe de poder ostentar tal rótulo. Pelo segundo jogo consecutivo Diego não jogou absolutamente nada. Parecia com uma preguiça enorme, sumido, mal colocado, bem distante do jogador que até pouco tempo atrás encantava pela disposição, habilidade e por chamar a responsabilidade. Será a famosa síndrome da Seleção Brasileira?

Outro que está muito mal é Edmílson, perdidinho como volante, a frente da zaga. Ontem, o Santo André ousou, entrou em campo com somente um volante e três meias, além de dois atacantes e envolveu o sistema defensivo palmeirense com facilidade. O que também chamou a atenção foi o nervosismo dos comandados de Muricy em campo. Desde o primeiro minuto pareciam impacientes, discutindo entre eles mesmo a cada erro. A pressão de ser líder com o campeonato chegando ao fim parece estar pesando.

Como consequência, o Palmeiras completou seu quarto jogo sem vitória. Pior. A terceira derrota seguida. Pior ainda. O terceiro jogo sem marcar gols. Esta sequência fez a equipe quebrar recordes. Negativos, é claro. Desde julho de 2004 o Alviverde não passava três partidas em branco no Brasileirão. Mais. NUNCA na história dos pontos corridos o time que terminou como campeão somou apenas um ponto em quatro jogos consecutivos durante todo o campeonato. Em 2005, o Corinthians ficou 4 jogos sem vencer, mas com 2 empates e 2 derrotas. Em 2008, o São Paulo também teve um jejum de 4 partidas, mas empatou 3 e perdeu 1.

Não bastasse a péssima sequência dentro de campo, fora de campo pipocam notícias ruins. Lembram que falei que o Cleiton Xavier saiu machucado? Então, hoje ficou constatada uma lesão muscular na coxa direita e o meia ficará fora por 30 dias, tendo sua volta prevista apenas para a penúltima rodada. Isso sem contar nos boatos de problemas de relacionamento entre os jogadores. Após a derrota pro Flamengo, Marcos saiu criticando nominalmente alguns companheiros. E hoje, durante o treino, Vágner Love teve que ficar um bom tempo explicando que não há ciúmes no elenco em relação ao seu salário, superior.

Muricy, você tem bastante trabalho pela frente.

SEMANA DE SUPERCLÁSSICO

Acabou o sofrimento com a seleção nas Eliminatórias. Agora é hora de voltarmos nossa atenção para o Torneio Apertura. Tão logo a poeira se assentou vem aí o Superclássico, River e Boca, que vai ser jogado no próximo domingo, no Monumental de Núñez, a partir das 16h10, horário de Buenos Aires, 17h10 no horário brasileiro de verão.

Vai ser o clássico do Boca em grande ascensão no campeonato, agora décimo colocado, há cinco pontos do líder San Lorenzo, e que vem de três vitórias consecutivas. A última foi na rodada passada, frente o Tigre, na Bombonera, por 2 a 1. O Xeneize vai encarar um River Plate agônico, na 16ª colocação, com apenas seis pontos, e que não vence uma partida desde a segunda rodada. Aliás, esse triunfo frente ao Chacarita foi o único do Millonário neste campeonato. Já são sete rodadas sem saber o que é vencer e na última, um empate sem graça em 0 a 0 com o Huracán. River trocou de técnico, agora o comandante é Leonardo Astrada, em substituição a Pipo Gorosito. Se vencer o clássico, o River pode ressurgir neste campeonato e ganhar moral, quem sabe para voltar a ser um time competitivo e plantar as bases para o Torneio Clausura.

Mesmo assim eu acredito que o Boca Juniors, mesmo jogando na casa do maior rival, não perde esse jogo. Alfio Basile conseguiu fazer o time reencontrar o prazer de jogar. Palermo e Riquelme voltaram a se entender, enfim. Não duvidaria se ao final do campeonato, numa arrancada espetacular, o Boca leve o troféu para os lados do Caminito.

Líder
Muita gente torce o nariz quando digo que gosto do trabalho de Diego Simeone como técnico. Ok, o futebol pode não ser dos mais vistosos, mas o homem consegue pôr no time uma injeção de ânimo incrível. A prova disso é o San Lorenzo que lidera o campeonato e venceu no último sábado o Rosario Central por 1 a 0. Simeone foi um líder nato dentro de campo e mostra ser o mesmo como treinador. Vibra, xinga, reclama e comemora os gols como se ainda jogasse. Como treinador foi campeão nacional com o Estudiantes e com o River, e pode ser mais uma vez com o Ciclón. Assim sendo eu gostaria de ver o Cholo como técnico da Argentina.

Bicho sorpresa

Ninguém prestou muita atenção no Argentinos Juniors no início do campeonato. O time de La Paternal já é o quarto colocado, com 18 pontos, mesma pontuação de Colón e Vélez. Apenas um pontinho atrás do líder. A equipe perdeu apenas um jogo no Apertura, para o Vélez (0-1), empatou três vezes e venceu cinco, sendo que na última rodada o triunfo foi sobre o Racing por 2 a 0. A boa campanha servirá para livrar de vez o Argentinos Juniors do descenso.

Demais resultados: Lanús 1 x 1 Vélez; Gimnasia 1 x 2 Colón, Atlético Tucumán 1 x 1 Godoy Cruz, Arsenal 1 x 1 Banfield, Independiente 1 x 1 Chacarita, Newell’s 2 x 1 Estudiantes.

Classificação: San Lorenzo 19, Colón 18, Vélez 18, Argentinos Jrs. 18, Estudiantes 17, Independiente 17, Newell’s 17, Banfield 17, Rosario Central 14, Boca 14, Arsenal 11, Godoy Cruz 10, Lanús 10, Gimnasia 9, Atlético Tucumán 9, River Plate 6, Huracán 6, Racing 4, Chacarita 4, Tigre 4.

Média para a Libertadores: Colón 1,857; Lanús 1,714, Huracán 1,571.

Por Raphael Martins