segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Evolução, título e esperança

O Brasil coroou sua ótima campanha na Copa América de Basquete com o título da competição ao vencer Porto Rico, que sempre foi nossa pedra no sapato, na casa deles, por 61 a 60. A Seleção Brasileira jogou muito bem os três primeiros quartos, mas no último começou a errar muito, viu os porto-riquenhos crescerem e quase virarem o placar, mas o resultado final foi mais do que justo.

Mais do que o título, fica a sensação de que o Brasil finalmente tem tudo para reviver seus grandes momentos no basquete mundial. O técnico Moncho Monsalve conseguiu mudar o estilo de jogo histórico brasileiro, que sempre se notabilizou pela correria, individualismo e precipitação. Os contra-ataques continuam sendo a maior arma ofensiva da Seleção, mas a posse de bola agora é muito mais bem trabalhada, explorando bem o tempo de 24 segundos. A grande evolução, no entanto, foi a defesa. Como o Brasil defendeu bem! Nas 10 partidas que fez na competição, apenas em uma sofreu mais do que 70 pontos - justamente contra Porto Rico, 86 a 82, na única derrota na competição, em uma partida que não valia muita coisa. E no basquete moderno, a defesa ganha o jogo muito mais do que o ataque. Méritos para Moncho, que com seu estilo sisudo, de poucos sorrisos, mas muito trabalho, conseguiu dar padrão à equipe e, acima de tudo, transformá-la em equipe, sem picuinhas, vaidades ou divisões no grupo.

Claro que ainda há o que melhorar, afinal o Mundial do ano que vem terá um nível muito mais alto. Mas aos poucos a Seleção vai evoluindo e se estiver completa (com a entrada de jogadores como Nenê, Paulão e Murilo) tem tudo para fazer uma ótima campanha na Turquia em 2010. Moncho tem contrato até novembro e não sabe se vai continuar. A CBB tem a obrigação de renovar com o treinador para continuar o trabalho que está sendo desenvolvido. Não pode se dar por satisfeita com o título da Copa América, pois este foi apenas o primeiro passo para colocar o Brasil de volta entre as potências do basquete.

- O grupo todo está de parabéns e foi importante, cada um com sua participação, mas o grande destaque individual da Seleção foi Leandrinho. É impressionante o quanto joga e como sua presença em quadra faz a diferença. Nos momentos mais difíceis ele chama a responsabilidade e os outros jogadores sabem que podem dar a bola nele, porque o camisa 10 resolve. Foi o cestinha do Brasil e o segundo maior pontuador do campeonato.

- Outro que se destacou bastante foi Anderson Varejão. Em números foi o quinto maior reboteiro (8,4 por jogo), o líder em tocos (1,9 por jogo) e o sexto que mais roubou bolas (1,9 por jogo), além de ter feito double-doubles em quatro jogos. Porém, não é apenas com números que se pode analisar a contribuição de um jogador a equipe. Varejão impressiona na marcação (como é chato, no bom sentido) e na entrega e disposição que demonstra em quadra, contagiando os companheiros.

- Além dos dois jogadores da NBA, Tiago Splitter também foi presença importante no garrafão e Marcelinho Huertas segurou a barra de ser o único armador de origem do grupo. Jogou muito bem a Copa América e provou porque é o titular. Mas Moncho precisa convocar alguém para ser o seu reserva, senão Huertas não aguenta. Tiveram jogos em que ele simplesmente não saiu em momento algum.

- Para terminar vale ressaltar o espírito coletivo de Guilherme e Marcelinho Machado. Os dois já foram titulares absolutos da Seleção, o segundo inclusive é o capitão, e ficaram na reserva durante toda a competição. Mesmo assim em nenhum momento mostraram insatisfação, pelo contrário, exerceram o papel de líderes e passaram sua experiência aos mais jovens. Palmas para eles.

- Luis Scola, da Argentina, foi eleito o melhor jogador da Copa América com justiça. Foi o maior pontuador, com média de 23,3 pontos por jogo. Como joga o superpivô do Houston Rockets! Dá gosto vê-lo em quadra. Ótimo na defesa e ótimo no ataque. E a seleção argentina, mesmo bastante desfalcada, deu trabalho e completa é uma das favoritas ao Mundial.

- Dica do Passando a Bola: começa nesta segunda-feira o Campeonato Europeu, disputado na Polônia, que vai classificar seis nações para o Mundial - a Turquia já está garantida, por ser sede. Grandes seleções estão presentes, como Espanha, França, Lituânia, Grécia, Rússia e a própria Turquia, além de outras que podem surpreender, como Alemanha, Croácia e a Sérvia, que vem com um time muito jovem, baseado na seleção campeã mundial juvenil em 2007. Promessas de excelentes jogos e o canal Bandsports transmite desde o começo. O Sportv começa a transmitir o torneio a partir das quartas-de-final. Vale conferir. Prometo fazer alguns posts informando sobre a situação no chamado Eurobasket.

Passando a Bola Mesa Redonda volta semana que vem

Amigos, só para informar que, em função do feriado de 7 de setembro, a PUC, onde gravamos o Passando a Bola Mesa Redonda, não abriu e por isso esta semana não teremos programa. Mas semana que vem voltaremos ao normal, sempre com muita informação e opinião.

Vocês podem ver a análise da 23ª rodada do Brasileirão lendo os posts abaixo.

Rapidinhas de Domingo - Inter voando

Após as vitórias no Beira-Rio sobre Goiás e Atlético-MG, muitos ainda questionaram o Internacional sob o argumento de que queriam ver uma vitória convincente fora de casa, sobre um adversário gabaritado, o que não acontecia desde a 3ª rodada, diante do Goiás (depois disso o Colorado venceu longe da sua torcida apenas Náutico e Santo André, o que, convenhamos, não diz muito coisa). Pois bem, o Inter derrotou o Avaí, que não perdia na Ressacada há 5 jogos, por 2 a 0 e chegou ao terceiro triunfo consecutivo, permanecendo na cola do líder Palmeiras com 43 pontos. E mais. É a única equipe que está entre os quatro primeiros desde a primeira rodada.

Mais do que a vitória, o fato do Colorado ter jogado bem é o que mais importa. Neste campeonato, por vezes, o time de Tite mostrou-se irregular, alternando boas e más exibições. Ontem não. Fez 1 a 0 na primeira etapa com Fabiano Eller e, mesmo perdendo Índio expulso antes do intervalo, continuou em cima do Avaí no segundo tempo até marcar o segundo, com Magrão. Depois Bolívar também levou cartão vermelho e apesar de ter dois jogadores a menos, a equipe gaúcha segurou o resultado com propriedade. Está claro que o Inter é candidatíssimo ao título (é a minha aposta, inclusive) e que a briga pelo Brasileiro já está definida entre três clubes. Além do Colorado, Palmeiras e São Paulo.

O Avaí parece ter voltado ao normal. Não jogou mal contra o Internacional, é apenas inferior. Após ter ficado 11 jogos invicto, fo a segunda derrota seguida do time de Silas. O técnico avaiano, aliás, nunca se deslumbrou com a sequência de invencibilidade e sempre afimou que o objetivo de sua equipe era permanecer na Série A. Mas eu acho que o Avaí deve conseguir uma vaguinha na Sul-Americana, o que será como um título para o clube catarinense, que não jogava a Primeira Divisão desde 1979.

- Assim como o Inter, o São Paulo também tem na força do seu elenco o grande trunfo na briga pelo tetracampeonato. E ontem isso ficou claro, na vitória sobre o Cruzeiro, de virada, no Mineirão. No primeiro tempo, o time celeste fez 1 a 0 com gol de Diego Renan e poderia ter feito até mais. Mas aí entrou a mão de Ricardo Gomes e as ótimas opções de banco do Tricolor. Aos 16 minutos, Marlos entrou no lugar de Hugo e aos 19 empatou o jogo. Aos 35, Borges substituiu Washington e no minuto seguinte virou o placar. Marlos e Borges seriam titulares na maioria das equipes brasileiras. Isso sem contar que o São Paulo não teve Miranda, na Seleção, e Hernanes, machucado. Esse já é o sétimo campeonato por pontos corridos e foram poucos os clubes que "descobriram" que para se dar bem neste tipo de competição é preciso ter várias opções no elenco e não apenas 11 titulares. O Tricolor sabe disso há tempos e por isso sempre entra no Brasileirão como favorito.

O Cruzeiro tem um bom elenco também, mas não tão bom quanto o adversário de ontem. Adílson Batista teve desfalques importantes, é verdade, principalmente Kléber. O vice-campeão da Libertadores está me decepcionando. Apostei no Passando a Bola Mesa Redonda que o time celeste brigaria por vaga na maior competição sul-americana do ano que vem, mas a cada rodada vai ficando mais claro que me equivoquei. O Cruzeiro não vence há três jogos e sua distância para o G4 já é de 10 pontos (é o 13º, com 29 pontos). Para piorar, na próxima rodada encara o embalado Inter, no Beira-Rio.

- Já o rival cruzeirense voltou a vencer depois de seis jogos. O Atlético-MG suou bastante para virar o jogo diante do frágil Santo André, no Bruno José Daniel, mas o importante foi a vitória. Assim, além de diminuir a pressão sobre o time e Celso Roth, o Galo subiu uma posição e está mais próximo do G4 (5º, com 37 pontos). Diego Tardelli e Éder Luis marcaram e ambos têm 10 gols no campeonato, vice-artilheiros, o que coloca a dupla como uma das melhores do Brasileirão. Não acredito que a equipe atleticana vá ficar com uma das vagas na Libertadores, pois como já disse, o time titular é bom, mas o elenco não. De qualquer forma, é uma campanha digna das tradições do Galo.

O Santo André bem que esboçou uma reação ao vencer dois jogos seguidos, mas voltou a perder nas últimas duas rodadas e seu destino deve ser mesmo a Série B. Além do time ser fraco, o clube vive uma crise de poderes. Depois de Sérgio Guedes, foi a vez de Gallo pedir demissão durante a semana passada por divergências com a diretoria, que supostamente queria intereferir na escalação dos jogadores. Assim fica difícil.

- O Goiás marcou bobeira e perdeu a chance de encostar no líder Palmeiras. Começou perdendo por 1 a 0 para o Coritiba, virou o jogo, mas deixou o Coxa empatar e o 2 a 2 fez o Esmeraldino cair para a 4ª posição, com 39 pontos. A partida foi muito movimentada e teve belos gols. Felipe, de falta, fez seu décimo gol no campeonato e Léo Lima, em ótimo chute de canhota, fez o segundo. Mas o grande gol do jogo e talvez um dos mais bonitos do Brasileirão foi de Ariel, de bicicleta. Simplesmente espetacular, matando no peito e pegando a bola lá em cima. O Coritiba permanece próximo da zona de rebaixamento, mas a melhora com Ney Franco é visível e a equipe deve brigar por vaga na Sul-Americana.

- Rápida passada pelos jogos de sábado. O Palmeiras fez o dever de casa e venceu o Barueri por 2 a 1, mesmo sem jogar bem. Contou com o ótimo reforço de Vágner Love, que estreou marcando gol, mas sentiu a falta da marcação de Pierre no meio-campo. Muricy precisa resolver isso. O Botafogo não consegue ganhar sob o comando de Estevam Soares. Já são sete jogos com o novo técnico (seis pelo Brasileiro e um pela Sul-Americana) com cinco empates e duas derrotas. Sábado o Alvinegro perdeu pro Sport, na Ilha do Retiro, por 2 a 1 e sua situação vai se complicando cada vez no campeonato. A equipe permanece na 18ª posição, com 23 pontos e se não acordar o rebaixamento vai se tornar uma realidade. O Leão, por sua vez, dá sinais de recuperação. Foi o terceiro jogo sem derrota e a distância para o Náutico, primeiro time fora do grupos dos quatro últimos, é de cinco pontos. O Grêmio marcou bobeira e quase perdeu a invencibilidade no Olímpico, que após o empate em 1 a 1 com o Vitória vai completar um ano (a última derrota foi para o Goiás, dia 13/09/2008). O resultado deixa o Tricolor mais distante do G4. O ponto positivo foi Jonas, que com o gol marcado chegou a 11 no campeonato, artilheiro. O Rubro-Negro baiano segue no meio da tabela e por ali deve permanecer até o final.