terça-feira, 29 de setembro de 2009

FARRA DO BOI NA TERRA DO PATINHO FEIO

Olá blogueiros. Ontem na décima sétima edição do Passando a Bola – Mesa Redonda, o nosso amigo, Felipe Vasconcellos, deu um toque final espetacular. Felipe tratou de se posicionar de forma dura e objetiva contra a candidatura do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016 (3ª bloco do Passando a Bola – Mesa Redonda). Vale lembrar que o anúncio da cidade vencedora acontece nesta sexta-feira, em Copenhague, na Dinamarca.

O toque final do Felipe me motivou! Já venho há algum tempo amadurecendo um posicionamento contrário à candidatura carioca. Principalmente depois da farra do boi que virou a administração do dinheiro público. Se a gente não tem a capacidade de cumprir os encargos Pan-Americanos, como vamos cumprir as exigências olímpicas? Com isso, o que me faz pensar que agora tudo será diferente? Por isso sou contra!

E tem mais, não posso ser a favor de uma candidatura que apenas para preparar a divulgação (publicidade), dossiê (700 kg) para apresentação, viagens para Europa, banquetes e bajulação para políticos, dirigentes e membros do COI, gasta um valor de 100 milhões de Reais. 80% desse valor está saindo dos cofres públicos por intermédio do Ministério dos Esportes. É bizarro ver um bando de políticos e dirigentes sendo bancados em hotéis de luxo e restaurantes cinco estrelas. Enquanto isso, na Cidade Maravilhosa, um sequestrador ameaça refém por algumas horas e tem que ser abatido com um tiro na cabeça.

Outro ponto que me deixa muito (P) da vida! É o desperdício do dinheiro, do nosso dinheiro. Há dois anos esse mesmo Comitê Organizador (dirigido pelo secretário Carlos Roberto Osório) gastou 610 milhões de reais com os equipamentos olímpicos (estrutura física onde se realiza os eventos esportivos) incluindo a Vila Pan-Americana. Com exceção do Estádio Olímpico João Havelange, todas as praças (Parque Aquático Maria Lenk, Velódromo, Hípica de Deodoro, complexo do Maracanã e Riocentro) vão receber investimentos para ampliação e melhoria para os Jogos 2016, caso o Rio seja escolhido. Os milhões gastos em 2007 serviram para que?

Infelizmente não para por aí. A Vila Pan-Americana, construída para o Pan de 2007, não será reaproveitada para uma possível Olimpíada. O equipamento que teve um orçamento de 267 milhões de Reais está largado. A promessa de se tornar um condomínio moderno e familiar caiu por terra. A empreiteira responsável não finalizou as obras POR FALTA DE PAGAMENTO e as poucas famílias que vivem lá lutam na justiça, até hoje, por uma solução. Mas está tudo bem, o programa olímpico prevê uma gigantesca Vila Olímpica nas proximidades do Riocentro. Com direito a praia particular para os atletas e outros requintes.

Fica a pergunta: Por que não construir uma Vila para o Pan, que pudesse ser aproveitada para os Jogos Olímpicos?

O investimento para os equipamentos olímpicos estão na casa dos 1,3 bilhões de Reais. Ao meu ver, parece um aporte financeiro para uma cidade que não possui nenhuma estrutura esportiva. Nem parece que o Rio sediou um Pan-Americano há dois anos. Por isso que eu, o Felipe e mais um monte de gente não torce por essa vitória em Copenhague. Como eu vou ser a favor de colocar toda essa grana (cerca de 30 bilhões de Reais) nas mesmas mãos que superfaturaram o orçamento do Pan em 1000%? E essas mãos são de Carlos Arthur Nuzman - Presidente do COB e do Comitê Organizador -, Ruy Cezar - Secretário para Rio 2016 da Prefeitura - e Carlos Roberto Osório - Secretário geral do Comitê Rio 2016.

Como todos sabem o anúncio da sede será feito em Copenhague na Dinamarca. Vocês sabem quem é o maior ídolo da cidade? É o escritor Hans Christian Andersen (1805-1875). Andersen foi o criador da fábula "O Patinho Feio". A história do sofrimento do filhote de cisne que, por ser diferente da ninhada de patos com que havia sido criado, era marginalizado e chamado de “patinho feio” comoveu gerações. Na história o filhote cresce e se torna um lindo Cisne.

Parece um capricho do destino que a cidade onde será anunciada a sede dos Jogos seja exatamente a cidade onde nasceu o Patinho Feio. Fazendo uma metáfora, o Rio seria esse patinho feio entre os finalistas. Das quatro cidades que disputam os jogos o Rio, é a menos preparada. Uma cidade de um país de terceiro mundo, com alto índice de criminalidade, corrupção, pobreza, etc. Concorrendo com grandes cidades de três potências (Espanha, Japão e Estados Unidos). Na mídia especializada, Rio e Chicago polarizam a disputa. Mais uma vez o Rio é o patinho feio. Chicago é a cidade onde o Presidente Barack Obama fez sua carreira politica e onde conheceu sua esposa Michelle. É a casa do homem do momento no mundo.

Seria o palco perfeito para o Rio vencer e mais uma vez a metáfora do escritor dinamarquês se tornar realidade na vida real. Mas amigos, se o Rio se tornar sede dos Jogos 2016 esse conto não será de fadas e sim do vigário.