terça-feira, 25 de agosto de 2009

Até quando?

1989. Neste ano, 96 pessoas morreram esmagadas contra as grades do estádio Hillsborough, na semifinal da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest depois que os portões foram abertos e centenas de torcedores tentaram entrar desesperadamente. Cinco anos antes, a Inglaterra havia sido suspensa das competições europeias por causa da tragédia na final da Liga dos Campeões entre Liverpool e Juventus no estádio Heysel, na Bélgica, quando 39 pessoas morreram vítimas de uma confusão começada pelos ingleses.

Citei apenas esses dois casos por serem os mais emblemáticos, mas a Inglaterra conviveu por anos com o hooliganismo, que matou centenas e feriu milhares. Depois destas "gotas d'água", o país reformou todos os seus estádio, suas leis e a cena passou a ser menos comum depois de alguns anos.

Mas nesta terça-feira, a Inglaterra voltou a ver duas torcidas se enfrentando e trasformando o estádio Upton Park em um verdadeiro campo de batalha. West Ham e Millwall são inimigos mortais há muito tempo. A distância entre eles, o primeiro está na primera divisão e o segundo na terceira, evita os confrontos, mas quando o sorteio da Copa da Liga coloca os dois rivais frente à frente, todos já esperam por um tumulto.

Mas quando todos achavam que o hooliganismo, por mais que ainda exista, havia diminuido o suficiente para não vermos mais as cenas de barbárie que inocentes torcedores (sim, esses são torcedores) tiveram que presenciar em Londres, ninguém poderia imaginar que ainda houvesse espaço para invasão de campo em massa e centenas de hooligans sendo retirados por mais de 220 policiais do gramado, muitos deles a cavalo. A batalha se estendeu para fora do estádio e durou mais de quatro horas entre confrontos com a polícias e entre as gangues rivais. Um homem foi esfaqueado e muitos outros ficaram feridos.

Não pretendo achar uma explicação para as loucuras do ser humano ou parecer espantado como o homem ainda consegue produzir esse tipo de cenário. Infelizmente estamos longe de transformar esses fanáticos em seres normais. Mas não posso deixar passar a oportunidade de expressar minha profunda tristeza com eventos deste tipo. O filme Hooligan mostra um pouco do que representa essa rivalidade entre os dois times, e prova que transcende as fronteiras do campo de futebol, mas mesmo assim ainda não consigo entender como as próprias autoridades inglesas não esperavam mais esse tipo de atitude.

Ah, sim, o West Ham venceu o Millwall de virada, na prorrogação, e se classificou para a terceira fase da Copa da Liga inglesa. Mas que se dane o resultado. Por mim, bania os dois times do futebol profissional por pelo menos uns dois anos e proíbia torcida nos jogos entre os dois times por mais uns 20 anos. Mas isso não vai acontecer e é uma questão de tempo para a cena se repetir em algum lugar do mundo.

Esse é o problema da Série B

O Vasco enfrentou o Brasiliense nesta terça-feira, fez 1 a 0 com um gol de falta de Ramón e conseguiu os três pontos necessários para o manter na liderança da Série B. Apesar do discurso do time carioca alertando para a difilculdade de enfrentar os amarelos, não foi o que se viu na Boca do Jacaré. Não pelo time da casa.

O Vasco, claramente superior, poderia ter feito mais, mas o péssimo estado do gramado dificultava as ações do time, que botava a bola no chão mas era driblado pelos montinhos espalhados pelo campo. As dimensões imensas ajudavam o Gigante da Colina, que usava muito bem os seus jogadores mais velozes, mas, quanto mais espaço, mais campo ruim para estragar o jogo.

Um lance nos minutos finais da partida mostrou bem o que eu digo. Alex Teixeira deu dois dribles sensacionais na entrada da área, mas quando entrou livre na cara do goleiro acabou traído por um buraco que prendeu a bola. Minutos antes, um lindo passe de letra de Rodrigo Pimpão, que entrou no lugar do lesionado Carlos Alberto depois de mais de dois meses parado, terminou em um chute longe do mesmo Alex Teixeira que, mais uma vez, foi atrapalhado pelo gramado. Isso sem contar na furada bisonha de Gian dentro da própria área, mas que fique claro que mais uma vez por culpa do péssimo gramado, além de muitos outros lances.

Em resumo, como é chato ver um time que se propõe a jogar bonito e de forma ofensiva, ser atrapalhado por um campo mal conservado. Mas, infelizmente, essa é a realidade da Série B, o ônus que se paga pelo rebaixamento. Interessante ver o Aloísio começar jogando e bem, não tanto pela forma física, longe da ideal, mas pelo futebol apresentado e boa participação no ataque. Saiu dando um susto na torcida após uma cabeçada, mas ainda bem que nada de mais sério aconteceu.

EMPEZÓ TODO

Neste final de semana teve início o Torneio Apertura da temporada 2009/2010. A bola rolou com sete dias de atraso porque os jogadores cobravam dos clubes o que lhes era de direito: dinheiro de salários e premiações. Com tudo resolvido e a grana no bolso eles foram a campo dar o seu espetáculo. Vamos a alguns destaques.

Jogando no Cementério de los Elefantes, em Santa Fé, o campeão do último torneio, Vélez Sarsfield mostrou que continua forte e venceu o Colón por 1 a 0. Rolando Zárate(foto) entrou no intervalo e marcou o gol da vitória no segundo tempo.

Em Parque Patrício, o Huracán provou que está órfão de Defederico, Toranzo e Pastore. O time de Angel Cappa foi derrotado pelo consistente Lanús por 2 a 1. Apenas Bolatti, o único do quadrado mágico do Apertura, ficou no time. E lutou como um Dom Quixote contra os moinhos de vento. Sem solução. Já o Granate, mostrou em campo porque foi a equipe com maior pontuação na temporada passada. O paraguaio Santiago Salcedo marcou os dois gols e substituiu a altura o negociado José Sand, artilheiro dos dois últimos torneios.

Na Bombonera, o Boca Juniors levou um susto no primeiro tempo. O Argentinos Juniors fechou a etapa inicial vencendo por 2 a 0. No segundo tempo as coisas mudaram com a entrada de Guillermo Marino. O jogador que voltou ao clube após um período de empréstimo ao Tigres, do México, entrou e marcou duas vezes. Se converteu no novo herói xeneize. Riquelme não jogou, pois cumpriu suspensão pela expulsão na última rodada do torneio passado, e Palermo esteve muito mal em campo.

Em Banfield, o Millonário passou maus bocados, como vem sendo rotina. Mais uma vez apresentando um futebol sofrível, o River Plate foi facilmente batido pelo Banfield por 2 a 0. Em duas partidas oficiais, o time de Núñez perdeu ambas (2 a 1 para o Lanús na Sul-Americana, e agora para o Taladro no Apertura). E as coisas podem ficar pior. O atacante Augusto Fernández foi negociado com o Saint-Etiénne, da França. O zagueiro Mateo Musacchio, de apenas 19 anos, vai para o Villarreal, da Espanha, e o empresário do meia Buonanotte procura um clube para seu cliente na Europa. Reforços? Nem sinal. Gorosito vai ter muito trabalho e a torcida do River se prepara para mais um torneio dos pesadelos.

Demais resultados: Gimnasia 0 x 2 Godoy Cruz; Independiente 0 x 1 Newell’s; San Lorenzo 3 x 1 Atlético Tucumán; Chacarita 1 x 2 Tigre; Arsenal 0 x 2 Estudiantes; Rosário Central 1 x 0 Racing.



Fútbol K


Os argentinos estão vivendo uma overdose futebolística pela TV. Neste final de semana, todos os jogos da rodada foram transmitidos pelo Canal 7, de sinal aberto e de propriedade do governo. Após uma derrota esmagadora nas urnas, o casal Kirchner resolveu recuperar a sua popularidade com a velha estratégia do “pão e circo”. Compraram por 600 milhões de pesos (300 milhões de reais), os direitos de transmissão do campeonato e o entregaram à TV pública. Dinheiro que poderia ser investido em outras áreas sociais gastos com futebol.

Até o último torneio, para assistir ao futebol na TV os argentinos necessariamente tinham que ter o sistema de canais pagos, sendo que alguns jogos eram transmitidos apenas no pay-per-view. Agora não existe mais o sistema e os canais de TV por assinatura não podem transmitir jogo algum. Tudo agora pertence ao Estado e o slogan não poderia ser mais populista: “Futebol para todos”.

A maratona de jogos começa na sexta com um jogo às 19h e outro às 21h. E segue no fim de semana, com 4 partidas no sábado e no domingo. A primeira começando às 14h e a última às 20h.

Por Raphael Martins