quinta-feira, 17 de junho de 2010

Suíça sossega a Fúria

Amigos do Passando a Bola, desculpem o atraso no texto sobre o grupo H, mas a carga de trabalho está intenso, então fica difícil arrumar tempo. Mas vamos lá.

A estreia da Espanha foi daquelas partidas que fazem o futebol ser esse esporte tão apaixonante. A Fúria jogou bem, aliás, ouso dizer que teve uma das melhores apresentações da primeira rodada da Copa, mas como o que vale é bola na rede, não foi capaz de vazar a defesa suíça e, de quebra, ainda levou um gol em lance isolado, de Gelson Fernandes. Para se ter noção da superioridade espanhola, basta ver os números da partida. Os campeões europeus ficaram 63% do tempo com a posse de bola contra 37%; foram 24 chutes da Espanha contra apenas 8 da Suíça; 12 escanteios contra 3. E por aí vai.

O esquema adotado por Vicente Del Bosque foi o tradicional 4-3-3 na hora de atacar, com muito controle da bola, troca de passes e viradas de jogo, tentando encontrar um espaço na retranca adversária. E o ferrolho suíço foi complicado de ser furado. Em função de não estar na condição física ideal, Fernando Torres começou no banco. O time titular tinha Bousquets e Xabi Alonso como volantes, Xavi um pouco mais a frente, comandando o meio-campo. Na frente, Iniesta abria pela esquerda e David Silva pela direita, com Villa centralizado. Para tentar confundir a marcação, Iniesta e Silva trocaram bastante de posição e chances foram criadas, mas o excesso de preciosismo espanhol atrapalhou. É bonito de se ver a Fúria jogar, mas às vezes tenho a impressão de que para eles só vale golaço. Sempre tem que ter um toque a mais, um drible, uma jogada de efeito. E diante de um time como a Suíça, que tradicionalmente se defende muito bem (ontem completou 5 jogos de Copa do Mundo sem levar gol - 4 em 2006, na Alemanha) e dá poucas oportunidades ao ataque adversário, isso é um pecado.

David Villa não estava num dia inspirado, se movimentando pouco e errando alguns passes, e Silva idem. Tanto é que, ainda no início da segunda etapa, depois que sofreu o gol, Del Bosque colocou Jesus Navas pela direita, um jogador mais agudo, que deu mais velocidade ao ataque espanhol. Depois foi a vez de Torres entrar no lugar de Bousquets, mas a falta de ritmo ficou visível no atacante do Liverpool, que pouco fez. No desespero, Pedro foi colocado em campo, deixando a Fúria com praticamente 4 atacantes, mas não deu certo. A zebra já era uma realidade. A derrota não tira a Espanha do grupo dos favoritos, mas estrear perdendo, é claro, não é boa. Agora há obrigação de vitória diante de Honduras e Chile, o que acredito que não será problema, já que as duas seleções não vão se defender tão bem. Porém, futebol é futebol e prega muitas peças.

Já a Suíça é aquilo ali que foi mostrado ontem. Claro que como o adversário era a Espanha, infinitamente superior, o objetivo era mesmo somente se defender e, se desse, aproveitar alguma oportunidade no ataque. Por isso não deu pra avaliar muito a equipe de Ottmar Hitzfeld. A defesa é ótima, ficou provado, mas a parte ofensiva deixa a desejar. A dupla de atacantes (Nkufo/Derdiyok) é fraca e falta criatividade ao meio-campo. No entanto, como o adversário mais complicado do grupo foi batido, a classificação suíça está encaminhada.

Encaminhada, mas não garantida, pois o Chile mostrou um ótimo futebol contra Honduras. Claro que o adversário não é dos melhores e que o placar foi magro, mas traduziu o que foi o jogo. Desde o início os sul-americanos foram pra cima, jogando um futebol ofensivo, especialmente com o trio Valdivia/Beausejour/Sanchez. O último, aliás, foi o melhor em campo, muito rápido e atrevido, sempre partindo pra cima dos marcadores. Nas finalizações, porém, pecou bastante. Se o artilheiro David Suazo estivesse jogando (ele está se recuperando de problemas musculares), provavelmente o resultado seria mais elástico. Olho no time de Bielsa, que ele pode complicar.

Nenhum comentário: