quarta-feira, 16 de junho de 2010

Estreia ruim, mas que não assusta

É claro que todo brasileiro está um pouco decepcionado com a atuação da Seleção. Diante da frágil Coreia do Norte, houve quem esperasse goleada, show de bola; eu, inclusive, apostei 4 a 0 no bolão. O que se viu, no entanto, está longe disso. Mas ao analisarmos friamente, o resultado de 2 a 1 não foi tão surpreendente, por vários fatores. O primeiro é clássico e notório: a ansiedade pela estreia. Nove dos 14 jogadores que entraram em campo disputam sua primeira Copa do Mundo.

A segunda razão é que também é fato que diante de adversários menos qualificados o Brasil tem mais dificuldades e isso por um motivo muito simples. Eles vêm com todos os jogadores atrás da bola, bem organizados taticamente e guardando posição. Os coreanos, por exemplo, deixaram apenas o melhor do time deles, Tae Se, isolado na frente e tentavam escapar no contra-ataque, chamando a Seleção Brasileira para o seu campo. Contra Costa do Marfim e Portugal, times que com certeza adotarão postura mais ofensiva, a tendência é que haja uma melhora no Brasil, pois haverá mais espaço. Não custa lembrar que as melhores exibições de 2006 pra cá foram diante de rivais de porte, como Itália, Argentina e, inclusive, Portugal. A terceira e última razão é que nenhuma seleção até agora - exceto a Alemanha - fez uma apresentação convincente, por isso estamos na média.

Porém, ainda há alguns problemas para serem consertados. O fato de jogar diante de um adversário mais preocupado em se defender faz com que a equipe tenha mais posse de bola e isso ficou provado em números nessa estreia: o Brasil teve 67% de posse contra 37% dos coreanos. Mas faltou qualidade ao meio-campo e movimentação na frente, especialmente de Kaká e Luis Fabiano, e poucas chances foram criadas na primeira etapa, apenas em chutes de longe.

No segundo tempo a postura foi bem melhor. O Brasil ficou mais incisivo no ataque, impôs sua superioridade e abriu 2 a 0 aos 26 minutos com gols dos dois melhores jogadores em campo: Maicon e Elano. Nessa categoria também vale uma citação a Robinho, pela disposição e por ter rendido bem como meia. Kaká, por sua vez, não teve boa participação, visivelmente fora de ritmo. Tanto que acabou sendo substituído por Nilmar na metade final da segunda etapa. Sua melhora é fundamental para o sucesso da Seleção.

Outra coisa que vem me incomodando desde o jogo contra o Zimbábue (por incrível que pareça) é que estamos dando oportunidades demais para equipes fracas. Nos dois amistosos antes da estreia (contra o citado Zimbábue e contra a Tanzânia) nosso sistema defensivo já tinha deixado espaços, obrigando o goleiro Gomes a mostrar serviço. Diante da Coreia as chances adversárias diminuíram, é verdade, mas em diversas ocasiões os asiáticos tiveram chance de chutar, o que acabariam mais tarde conseguindo.

Mas mesmo com esses problemas, acredito que haverá melhoras significativas já para a partida de domingo, contra a Costa do Marfim. São oponentes bem mais qualificados técnica, física e taticamente, mas, como já escrevi, é nesses jogos que o Brasil cresce. E eu aposto nisso.


Aposto nisso porque os marfinenses não mostraram um bom futebol diante de Portugal e vice-versa. O jogo, aliás, foi bem chato de se ver e o placar zerado o traduziu com perfeição. Talvez por excesso de respeito de ambos os lados, não houve grandes oportunidades. Costa da Marfim foi um pouco melhor no geral, com mais volume e opções de jogo, mas nada que lhe fizesse merecer a vitória. O time de Sven-Goran Ericksson sentiu a falta de Drogba, que começou no banco e entrou no decorrer do segundo tempo. Mesmo em campo, o atacante do Chelsea parecia inseguro e quase não apareceu. Contra o Brasil sua condição será melhor e com certeza isso ajudará bastante os africanos.

Já a equipe portuguesa precisa se acertar. A defesa é boa e mostrou segurança, mas do meio pra frente faltou, principalmente, organização. O quarteto ofensivo Danny/Deco/Cristiano Ronaldo/Liédson parecia confuso, errando muitos passes e não se achando em campo. A melhor oportunidade foi em lance individual de Ronaldo, num chutaço de fora da área. Também foi só isso que o craque do Real Madrid fez. No resto do jogo esteve apagado. Não sei não, mas levei mais fé na Costa do Marfim do que em Portugal. Veremos o que vai acontecer.

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