segunda-feira, 21 de junho de 2010

Brasil jogou como Brasil

No post referente à vitória sobre a Coreia do Norte afirmei que poderíamos esperar uma atuação bem melhor da Seleção Brasileira nas partidas seguintes, já que o Brasil costuma jogar mais diante de adversários mais qualificados, principalmente porque estes não ficam o tempo todo atrás, buscando apenas se defender. Pois bem, foi o que aconteceu ontem no Soccer City.

O primeiro tempo começou com a Costa do Marfim em cima, marcando pressão os principais jogadores brasileiros e mantendo a posse de bola. Nenhuma oportunidade, no entanto, foi criada. A zaga do Brasil mostrou a conhecida competência de sempre, especialmente Lúcio, que colou em Didier Drogba e não deixou o atacante do Chelsea jogar. Mesmo mal, os comandados de Dunga chegaram ao gol justamente no que tinham de diferente em relação aos marfinenses: o talento. Bastou o trio Robinho/Kaká/Luis Fabiano acertar uma tabela para o placar ser aberto em um petardo do jogador do Sevilla.

A partir daí até o intervalo pouco se viu. O jogo continuou parelho, com os dois times sem criar muitas chances. Na segunda etapa, porém, a postura brasileira foi outra. Desde o início a Seleção assumiu o controle do jogo e partiu pra cima em busca do segundo gol. E ai mais uma vez brilhou a estrela do artilheiro. Julio Cesar bateu tiro de meta para um isolado Luis Fabiano. O atacante brigou na raça com os enormes zagueiros africanos, chapelou dois e bateu de canhota sem chances para Barry. Golaço. O Fabuloso teve o auxílio do braço para matar a bola, mas, como disse meu amigo Camilo Pinheiro, o ato irregular foi uma licença poética depois da pintura que ele tinha acabado de realizar. Foi um golaço e ponto final.

O terceiro saiu logo depois, com Elano aproveitando cruzamento de Kaká. O craque do Real Madrid, aliás, jogou bem, sendo decisivo em dois gols. Quase deixou o dele, mas o goleiro Barry impediu. Com 3 a 0 no placar, a zaga brasileira acabou cochilando e com Drogba isso nunca fica impune. O atacante marfinense diminuiu a desvantagem para 3 a 1 numa bela cabeçada. Antes do final do jogo ainda teve tempo para uma bobeira de Kaká. Ele se deixou levar pela violência da Costa do Marfim, envolveu-se em confusão com Keita e acabou expulso. A sorte é que a classificação já está garantida, mas o jogo diante de Portugal definirá quem será o primeiro do grupo e a ausência do camisa 10 pode prejudicar planos futuros do Brasil. Agora o foco se volta para saber quem será o substituto: Daniel Alves, Julio Baptista, Ramires ou Robinho recuado para a entrada de Nilmar na frente. Fico com a segunda opção, já que o meia da Roma é o substituto natural da posição. Mas como cabeça de treinador é difícil de entender, ainda mais do técnico brasileiro, é melhor esperar.

Também vale uma cornetada nos africanos. Esperava bem mais da equipe de Eriksson (aliás, esperava bem mais de todas as seleções africanas), mas o que vi foi um time muito forte fisicamente, até bem distribuído em campo, só que com pouca técnica, pouca criatividade. E que apelou para entradas duras e maldosas. Elano, inclusive, teve que ser substituído depois de quase ter a perna arrancada em uma dividida. Se ao invés de bater tivessem apenas se preocupado em jogar futebol, talvez a Costa do Marfim não estivesse praticamente eliminada da Copa do Mundo.

Digo isso porque Portugal tirou a barriga da miséria e sapecou 7 a 0 na Coreia do Norte, a maior goleada da competição até agora. A boa exibição portuguesa tem o dedo do técnico Carlos Queiroz, que fez modificações na equipe que empatou na estreia. Deco deu lugar a Tiago, que marcou duas vezes; Simão, que também deixou o dele, entrou na vaga de Danny; e Hugo Almeida, outro que fez gol, começou de titular no lugar de Liédson. O brasileiro naturalizado, no entanto, entrou no segundo tempo e também deixou sua marca. Raul Meireles e Cristiano Ronaldo completaram o placar.

O curioso dessa partida foi o fato de que o primeiro tempo terminou com 1 a 0 para o time luso, com os coreanos assustando o gol de Eduardo, especialmente em chutes de longe. Talvez isso, por incrível que pareça, tenha atrapalhado a equipe asiática, pois após o intervalo a Coreia do Norte se abriu e foi para o ataque em busca do empate. E ai a infinita maior qualidade de Portugal fez com que o placar fosse dilatado.

A classificação portuguesa para as oitavas de final está bem encaminhada em função do saldo de gols. Somente um milagre marfinense tira Cristiano Ronaldo e Cia da Copa, o que tira um pouco do peso do jogo da próxima sexta-feira. Porém, Brasil e Portugal decidem quem será o primeiro colocado e isso pode significar fugir da Espanha. Portanto, a promessa é de que teremos um jogaço no final desta semana.

Antes de terminar o post, uma rápida passada pelo Grupo F, que teve seus dois jogos também no domingo. O Paraguai fez o que dele se esperava e venceu a Eslováquia com tranquilidade, por 2 a 0. A situação dos sul-americanos é muito tranquila, já que uma vitória diante da Nova Zelândia na última rodada garante ao time de Gerardo Martino a primeira colocação do grupo. Já a Itália não saiu de um empate com a frágil seleção neozelandesa e soma dois pontos. A situação não é das mais difíceis, já que uma vitória simples sobre os eslovacos já serve. Mas com a bolinha que os comandados de Marcelo Lippi estão jogando, periga mais uma zebra passear pelos gramados sul-africanos.

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