terça-feira, 28 de julho de 2009

MARADONA POR MARADONA

Diego Maradona falou com a imprensa. Numa entrevista dada aos repórteres do Diário Olé, Sergio Dubcovsky, Marcelo Sottile, Adrian Piedrabuena e Carlos Carpaneto, o maior jogador argentino de todos os tempos falou sobre como é ser treinador, do jogo contra o Brasil em Rosário e das polêmicas em torno de Riquelme e de seu envolvimento com as drogas. Abaixo alguns dos assuntos abordados por Maradona durante a entrevista.


Sobre o trabalho como técnico:

“Sem dúvida era mais fácil quando era jogador. Era só pegar a bola e me divertir. Agora tenho que me preocupar com 25 jogadores. Mas há algumas situações inusitadas. Outro dia, num treino, vi Messi bater uma falta. A bola explodiu na barreira. Fechei o olho e imaginei batendo aquela falta. Pegando com a perna esquerda, botando por cima da barreira. A bola estava lá, parada, de uma maneira tão linda. (...) Hoje vejo os jogos de maneira diferente. Fico me preocupando com as lesões de meus jogadores e como estão postados os adversários. Por vezes acordo às 4 da madrugada pensando numa jogada. Corro e a anoto num caderno para não esquecer. Depois mostro para Bilardo e Mancuso. Se for útil, começamos a treiná-la.”


Classificação para o Mundial:

“Assumi alguns riscos quando resolvi ser técnico da seleção. Vamos ter ainda um caminho longo e difícil até conseguir a classificação para a Copa do Mundo. A situação atual não me preocupa muito. Temos grandes jogadores e podemos fazer uma grande partida contra o Brasil.”


Jogo contra o Brasil em Rosário:

“Estou ansioso para esta partida. Vamos enfrentar um grande time, com craques, uma equipe que está jogando bem e vem conquistando títulos seguidamente. Mas não podemos esquecer que somos a Argentina. (...) Não vou me contentar com um 0 a 0. Quero ganhar. Mas não vou lançar mão de catimba ou algo do tipo. Acho esse tipo de coisa, como esconder as bolas quando se está ganhando, de uma baixeza total. Se eu estiver ganhando de 1 a 0 não quero que isso ocorra. Temos que jogar futebol, apenas isso.”


Por que em Rosário?

“Todos diziam que o gramado do Monumental estava ruim. Aí quando decidimos mudar a partida para um campo melhor começam a reclamar. Outra coisa, no Monumental a torcida fica a uns 50 metros de distância do campo. Os jogadores não sentem o alento das pessoas. Em Rosário o torcedor vai ficar mais perto do time. Mas isso não é uma garantia de que vamos vencer. (...) O estádio do River Plate precisa ser modernizado. Quando estive lá pela primeira vez como treinador, reparei que o vestiário era o mesmo da Copa de 78, sem modificações. Temos que dar melhores condições de trabalho aos jogadores.”


Riquelme:

“Até agora não entendi o que se passou. Riquelme nunca veio falar comigo pessoalmente. Falou apenas por telefone. A decisão dele me doeu muito. O convoquei e ele sai renunciando... À seleção não se pode negar. Por mais que tenha um problema comigo, que não sei qual é. Se ele vier até mim, conversar ao invés de ficar falando em códigos, e me provar que tem razão e eu estou errado, sou o primeiro a concordar e peço minha renúncia. (...) Riquelme ainda é convocável. Não tenho nada contra ele. O único pecado que cometi foi convocá-lo.”


Drogas:

“Se eu tivesse me cuidado um pouco mais, teria sido o melhor do mundo. Hoje olho para o passado e me arrependo do que fiz, de não ter visto minhas filhas crescerem. (...) Hoje vejo as fotos os vídeos e só consigo ver um idiota que se achava dono da situação. Eu era um idiota.(...) Eu achava que era o valente da história. A vida me passava como um carro de Fórmula 1.(...) Foi uma batalha pessoal me livrar das drogas. Nasci de novo. Me vi num lugar escuro, acho que era durante o coma. Senti que havia morrido e lutei com todas as minhas forças e venci.”


Maradona por Maradona:


“Ser Maradona é muito difícil e lindo ao mesmo tempo. Adoraria poder caminhar pela Calle Florida, ver as vitrines, mas não posso.(...) Gosto de ficar em casa, vendo filmes, lutas de boxe ou então futebol americano. Adoro aquele número 7, que foi embora do New York, Favre.(...) As estratégias daquele esporte são muito interessantes. Eu queria ser Peyton Manning. (...) No mais sou um homem comum, com pouco dinheiro na carteira (tira a velha carteira marrón do bolso, sem muito glamour, e mostra algumas notas de dois pesos, e fotos de suas filhas Dalma e Gianina.), levo também um celular simples, nada dessas coisas de iPhone. E no celular guardo uma foto de Benjamin (o neto, filho do atacante Kun Aguero com Gianina). (...) Sou um avô que mima muito. Quando Benjamin está por aqui não saio de perto dele. Quando está na Espanha lhe vejo através da câmera do computador. É uma coisa linda".


Por essas e outras Maradona será sempre “El Diego de La Gente”. Gracias Diego!!!!
Por Raphael Martins

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